Reciclagem ganha importância

Leia em 3min 40s

Reaproveitamento de sucatas no Brasil agora é disputado por grandes empresas.


O agravamento da crise sobre a indústria do alumínio elevou a importância econômica da reciclagem para o setor. Antes tratado somente como uma questão socioambiental, o reaproveitamento de sucatas agora é disputado por grandes empresas.

A estimativa do setor é que a produção nacional de alumínio primário (obtido pela extração mineral) vai encerrar o ano com queda de 5% em relação a 2010. Já a participação da reciclagem no suprimento industrial deve crescer acima de 34%.

"A reciclagem é um elemento importante do suprimento interno e seu futuro vai depender da economia e da redução das importações de bens prontos", disse o presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Adjarma Azevedo.

No ano passado, as importações de alumínio semiacabado ou acabado vindas de países asiáticos, principalmente da China, cresceram 96%, para 139,9 mil toneladas, reduzindo a competitividade local, segundo a Abal.

Associado a isso, estão os elevados custos de produção no país. Segundo Azevedo, o custo para produção de uma tonelada do metal atinge US$ 2.100. Na comercialização, o valor sobe para US$ 2.200. "Não remunera."

Por outro lado, só a reciclagem de latas de alumínio em 2010 cresceu 20,3% ante 2009, totalizando 239,1 mil toneladas, ou 97,6% do fabricado, segundo balanço divulgado na semana passada em parceria com a Abralatas (reúne os fabricantes de latas).

Com o resultado, o Brasil alcançou, pela décima vez, o posto de país que mais recicla latas de alumínio. O país, segundo o balanço, está à frente de regiões desenvolvidas como a Europa e a América do Norte.

Segundo o diretor-executivo da Abralatas, Renault Castro, a capacidade da indústria de latas deve crescer 50% com os investimentos previstos, de US$ 765 milhões. "Vamos produzir 25 bilhões de latas por ano."


Crise - Por causa da crise, segundo Azevedo, empresas fecharam as portas e nenhuma nova fábrica de alumínio primário foi instalada no país nos últimos 20 anos. Entre os que restaram, estão produtores como Alcoa e Votorantim.

" uma situação preocupante porque você não tem o crescimento da produção primária; pelo contrário, tem a ameaça da sua decadência e as importações chinesas, que estão capturando o mercado brasileiro", disse.

Para Reinaldo Rodrigues dos Santos, diretor comercial de uma fornecedora de alumínio, a importação de alumínio pode reduzir a reciclagem no Brasil. "A cadeia funciona com o mercado interno. Se entra produto de fora, desestabiliza tudo entre a gente", disse Santos. A reciclagem das latas de alumínio movimentou R$ 1,8 bilhão no ano passado, segundo balanço da Abal e da Abralatas. Somente na etapa da coleta, foram injetados R$ 555 milhões na economia, o equivalente à renda salarial para 251 mil pessoas.

Segundo o coordenador de reciclagem da Abal, Henio de Nicola, considerando todos os tipos de recicláveis, o país tem mais de 1 milhão de catadores com renda.

Para ele, as diferenças econômicas do Brasil que impulsionam a população de baixa renda a coletar latinhas não é motivo de orgulho. "Agora, a atividade de coletor é igual a qualquer outra."

Para ele, os números do setor demonstram o amadurecimento da reciclagem no Brasil. "A indústria está madura e há um esforço contínuo no sentido de educar a população para a reciclagem do alumínio", disse.

O preço da lata coletada varia de R$ 2 a R$ 2,50 por quilo. O valor é baseado na cotação do alumínio na Bolsa de Metais de Londres.

No depósito de sucata do ex-catador Edson Galdino Silva, 49, são 300 quilos de lata de alumínio por semana. "Está aumentando a quantidade de latinhas, mas ao mesmo tempo está tendo muita concorrência."

Ele diz que começou com o trabalho há 12 anos e nunca passou necessidade. "Dá para tirar o sustento, só não dá para ficar rico."

Na Novelis, uma das maiores empresas de laminação de alumínio instalada em Pindamonhangaba (156 km de São Paulo), a produção a partir da reciclagem vai colaborar na meta de 600 mil toneladas para 2012. "Vamos aumentar a produção em 50% com novas unidades e a reciclagem é fundamental para a nossa produção", disse o gerente da fábrica, Angelo Argueles.

Presente em 11 países, a Novelis espera elevar o uso de latas de alumínio no processo de produção para 50% em 2015. Já em 2020, a meta é atingir 80%. "Atualmente, nosso percentual de lata é de 37%. Usamos retalhos de outras empresas para chegar a 52% de reciclagem, mas vamos atingir a meta." (FP)


Veículo: Diário do Comércio - MG


Veja também

Produtos de limpeza com respeito ambiental

Fabricantes de produtos de limpeza já investem em linhas mais naturais e biodegradáveis para atender &agra...

Veja mais
Reciclagem ganha mais importância no setor do alumínio

Agravamento da crise sobre a indústria é maior causa; antes, reaproveitamento era apenas questão am...

Veja mais
Entulho é descartado ao lado de córrego

Resíduos foram despejados por funcionários do Savegnago na quinta e retirados após repercussã...

Veja mais
Reciclagem já movimenta R$ 1,6 bilhão

Apesar dos esforços do governo para aumentar o número de cooperados na reciclagem de latas de alumí...

Veja mais
Acats realiza seminário sobre lixo zero em supermercados

Por Wagner Hilário   Rede catarinense Hippo foi certificada pela Zero Waste Internati...

Veja mais
Apas leva ação contra sacolas a Campinas

A Associação Paulista dos Supermercados (Apas) apresentou nesta semana na sede da Associação...

Veja mais
Supermercados de SC aderem à reciclagem

Programa que quer acabar com o desperdício nas redes catarinenses até o final da década é te...

Veja mais
'Sustentável hoje quer dizer tudo e nada'

Rótulos da sustentabilidade foram apropriados por departamentos de marketing das empresasCom a experiência ...

Veja mais
Para empresas, lei de resíduos tem metas factíveis

Empresas que já trabalham com programas de redução de lixo consideram que a Lei dos Resíduos...

Veja mais