Bolsa em alta

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A partir desse mês cerca de 40 milhões de sacolas ecológicas de compras, feitas com materiais que garantem sua utilização várias vezes, vão entrar nas casas dos paulistas. A estimativa é da Apas - Associação Paulista de Supermercados, que assinou um acordo com o governo e prefeituras de São Paulo para eliminar os saquinhos plásticos, que têm forte impacto ambiental, e estimular o uso de alternativas mais verdes para acondicionar os produtos. Dia 25 os caixas passarão a oferecer apenas sacolinhas plásticas biocompostáveis, que se decompõem em dois anos enquanto as tradicionais demoram quase um século. Elas serão repassadas aos consumidores a preço de custo, em torno de R$ 0,19, segundo João Sanzovo, diretor de sustentabilidade da entidade.

Diversidade

A orientação da Apas é que as lojas ofereçam a maior variedade possível de sacolas ecológicas, uma delas a preço de custo, e alternativas como o uso de carrinhos de feira, caixas de plástico ou papelão. Do ponto de vista do sortimento, o momento da virada é tranquilo, avalia Felipe Zacari Antunes, gerente de sustentabilidade do Walmart Brasil. A rede vende dois tipos de sacolas: uma de algodão para compras pequenas, fácil de guardar na bolsa, a R$ 3,00, e outra de polipropileno, aconselhada para perecíveis e hortifrutis a R$ 3,50. A substituição dos saquinhos por modelos retornáveis deve ter apenas em um primeiro momento um impacto significativo na venda de "ecobags". Depois de dois meses, a curva de vendas volta ao normal, diz Antunes com base na experiência de substituição já feita pela empresa em Americana (SP) e Belo Horizonte. Desde 2008, quando as retornáveis chegaram às lojas, o Walmart vendeu 3 milhões de sacolas.

Desencontro

A Apas calcula, a partir das compras feitas por seus associados, que são consumidas 2,5 bilhões de sacolinhas plásticas por mês - o equivalente a 60 sacolas per capita. Os números da Plastivida - Instituto socioambiental dos plásticos, porta-voz dos fabricantes dos saquinhos tradicionais, são mais modestos. Jorge Bahiense, presidente da entidade diz que a partir de um treinamento para consumo responsável e da normatização das sacolas, para garantir uma espessura segura para o transporte das compras sem necessidade de juntar duas unidades, o total consumido no país caiu de 17,9 bilhões de unidades, em 2007, para 12,9 bilhões, em 2011. O Estado de São Paulo absorve em torno de 40% da produção nacional, cerca de 5 bilhões de unidades ao ano, informa. Ele considera que o debate sobre o tema foi truncado por desinformações. Exemplo? "Caixas de papelão e sacolas usadas são boas para carregar muitas coisas: fungos e bactérias, por exemplo" avisa com destaque o site da entidade.

E o lixo?

O Plastivida também contesta o uso do termo "sacolinhas descartáveis". Uma pesquisa do Datafolha mostra que 85% reutilizam as sacolinhas, afirma Bahiense. "O que é descartável é o saco de lixo. O consumidor terá de comprar dois no lugar de um: a sacola retornável e os sacos de lixo", diz. Essa percepção é compartilhada por parte dos consumidores. Mesmo no site do Akatu, instituto que promove o consumo consciente e defende o fim dos saquinhos descartáveis não faltam reclamações sobre o que seria um artifício de supermercados para vender mais sacos de lixo e cobrar por um item até agora "gratuito". Na experiência de Jundiaí, segundo a Apas, as vendas de sacos de lixo cresceram 20%. E embora eles também acabem, como as sacolinhas, nos aterros, diz Sanzovo, há um ganho ambiental, já que são feitos com material reciclado. A Apas abriu espaço no site para dar "consultoria" aos que pretendem substituir o saco plástico na cozinha e no banheiro por um feito com jornal dobrado (www.portalapas.org.br).



Veículo: Valor Econômico


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