Consumidor sofrerá com itens mais caros nas gôndolas do Pais

Leia em 2min 40s

O comércio será impactado de duas maneiras diferentes quando o Plano Nacional de Resíduos Sólidos entrar em vigor no País. O primeiro ponto é a definição sobre como a logística reversa será empregada de forma efetiva dentro dos grandes varejistas, redes que terão de prover soluções para arrecadar embalagens e produtos descartados depois de usados e dar a destinação correta aos mesmos. O segundo ponto é elaborar políticas efetivas de conscientização da população e dos consumidores quanto à necessidade do reúso desses itens, que poderão ser transformados em novos produtos e, assim, poupar recursos naturais.

Essas são algumas das questões em debate nos seis segmentos prioritários do PNRS. Discussões essas que resultarão em acordos setoriais envolvendo indústria, comércio, consumidores e os governos federal, estaduais e municipais, conta José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).

A entidade participa dos grupos setoriais que nesta fase do PNRS constroem as bases dos acordos que serão seguidos pelas empresas. É neste momento que estão sendo pensadas as medidas para adequação das empresas à nova legislação. Entre as preocupações do varejo é a contribuição da população, sem o que será difícil implementar o plano. Além do mais, itens como pilhas, lâmpadas e baterias de celular, se não destinados corretamente, representam perigo de danos ao meio ambiente.

Mas, do mesmo jeito que prejudicam o meio ambiente, as baterias de celulares velhos são rentáveis aos que vão empreender no segmento de reciclagem, afirma o especialista da entidade em entrevista ao DCI. "Celular é vendido como água no País e o que muitos não sabem é que os chips existentes nas baterias contém ouro em sua composição", diz Goldemberg. Segundo ele, players que vendem celular foram os primeiros a se organizar para não sofrer quando o Plano de Resíduos Sólidos for uma realidade no Brasil.

As redes varejistas que vendem produtos de linha branca -como geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa e demais itens- serão as mais afetadas, pois terão que investir alto na logística para a retirada do produto ou até mesmo na criação de pontos de coleta. "Enquanto o varejo se prepara para se adequar, algo que será gradativo, com certeza as redes terão taxas embutidas em seus produtos para suprir os gastos com a demanda da logística reversa", diz.

O consumidor final será afetado, seja qual for a compra que ele efetue, pois, além de ter que ajudar no retorno desses itens, os produtos chegarão às prateleiras com preços mais altos que os atuais, prevê Goldemberg. "As empresas não vão conseguir evitar o repasse ao consumidor", explica o especialista. Ele ressalva: "Nossa experiência com logística reversa ainda é muito pequena, temos que ter cautela com esse assunto".

O presidente da Fecomercio, quando questionado sobre as redes varejistas do setor de supermercados, disse que há muito tempo empresas desse setor já promovem ações, mas elas ainda são pequenas; ao longo de dois anos devem ser mais efetivas. "Não adianta vir com obrigações, as redes têm que se preparar melhor. Acredito que em dois anos será possível perceber uma melhora, mas ainda levará muito tempo para que todos consigam se adequar a essa nova realidade." Ele acrescenta: "Se não houver cautela, todos serão pegos de surpresa", finaliza.


Veículo: DCI


Veja também

Comércio inicia planos para lidar com os resíduos

De olho na lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, lei 3.205, de 2010), os mais variado...

Veja mais
Farmácias promovem coleta seletiva de medicamentos no Brasil

Não só garrafas de PET, geladeiras antigas e demais itens que podem ser reciclados devem ter seu descarte ...

Veja mais
Vasilha de agrotóxico à reciclagem cresce 7%

Quase 5,7 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos foram recolhidas e destinadas a reciclagem ou queima em jane...

Veja mais
Copersucar e Braskem estudam parceria em PET

A Copersucar e a Braskem estudam a criação de uma joint venture para produzir no Brasil matéria-pri...

Veja mais
Procon multa 18 supermercados por descumprir acordo

Entidade fiscalizou 66 estabelecimentos desde que fixou regras de transição para fim da sacolinha pl&aacut...

Veja mais
Cresce reciclagem de resíduos de açougues

Os açougues e frigoríficos da Grande São Paulo geram diariamente cerca de 800 toneladas de lixo ori...

Veja mais
Ambev desenvolve ações para economizar insumo e tratar 100% os recursos utilizados

Com o objetivo de preservar o meio ambiente e sustentar seus recursos naturais, a Ambev instituiu dentro de suas unidade...

Veja mais
Consumidor vira parceiro e ajuda a Unilever a gastar menos

Desde que começou a adotar práticas para economia e reutilização de recursos hídricos...

Veja mais
Usinas vão produzir plástico biodegradável feito da cana

Dois tradicionais grupos do setor sucroalcooleiro do interior paulista se preparam para produzir em escala industrial o ...

Veja mais