Compromissos incluem operar dentro dos limites dos sistemas naturais e aumentar a ecoeficiência
A conferência Ethos Internacional 2012, que começa nesta segunda-feira, 11, em São Paulo, deve produzir uma das principais contribuições do setor empresarial para a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que se inicia nesta quarta-feira.
O evento vai apresentar uma lista de nove ações que as empresas signatárias se comprometem a tomar para ajudar na transição da economia brasileira para o que o instituto chama de economia verde, inclusiva e responsável (que não envolva corrupção). Junto com esses compromissos devem ser apresentadas também demandas aos chefes de Estado presentes na Rio+20.
"O que queremos dizer com isso é: vamos fazer tais e tais coisas para desenvolver a economia verde do Brasil, mas também queremos do governo que aprove ações que estão presentes no rascunho zero da Rio+20, e estão sendo debatidas pelas nações, para não perdermos oportunidades de negócio e competitividade", explica Jorge Abrahão, presidente do Instituto Ethos.
Entre os compromissos, o primeiro é "operar dentro dos limites dos sistemas naturais, aumentar a ecoeficiência e buscar a ecoefetividade, por meio da redução do consumo total e da intensidade de insumos (como água e energia) e materiais".
Em seguida, os empresários se propõem a ir além da inovação incremental - que apenas aperfeiçoa um produto, serviço ou processo - para fazer a chamada inovação disruptiva. Um das críticas comuns que especialistas em economia verde, como o indiano Pavan Sukhdev e o brasileiro Ricardo Abramovay (leia texto na pág. A17), vem fazendo ao processo de negociação da economia verde é que muitos países estão tratando o tema como uma mera questão de ter tecnologias verdes. E grupos da sociedade civil que vão participar da Cúpula dos Povos alegam que a economia verde é mais uma tentativa dos países ricos se imporem às nações em desenvolvimento.
"Se ela significar apenas inovação tecnológica no velho método, será encampada apenas pelos países ricos, que têm recursos e conhecimento, subordinando os países em desenvolvimento. Nossa proposta é praticar a economia verde a nosso favor", afirma Paulo Itacarambi, vice-presidente executivo do Ethos.
Há ainda compromissos mais abrangentes, como o aperfeiçoamento de processos pelo melhor padrão global e criação de planos de ação, com indicadores e metas para o cumprimento desses compromissos.
Demandas. Já nas contrapartidas, a primeira demanda aos chefes de Estado e de governo é para que desenvolvam novos padrões de contabilidade que superem as limitações do PIB como medida de desenvolvimento.
Pedem que sejam levados em conta os custos dos ativos e serviços naturais implicados na produção, assim como os impactos sociais e o nível de renda nacional, considerando o acesso a saneamento, saúde, educação, consumo, mobilidade, cultura e bem-estar.
Mas são as demandas de incentivos talvez as mais esperadas - políticas fiscais e tributárias diferenciadas, aliadas a políticas de compras governamentais sustentáveis.
Essas ações foram definidos em uma série de reuniões preliminares. Cerca de 100 empresas haviam assinado, mas durante a conferência a expectativa é conseguir novas adesões entre as 1.400 empresas que fazem parte do Ethos.
Veículo: O Estado de S.Paulo