Sacolinhas voltam, mas tem que pedir

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Depois de determinação da Justiça, os mercados voltaram a distribuir as sacolinhas descartáveis na cidade, mas alguns estão guardando as embalagens debaixo dos caixas, para restringir o uso. De quatro unidades de grandes redes visitadas ontem pelo Jornal da Tarde, três estavam adotando a estratégia; apenas uma fornecia as sacolas normalmente.

A volta das sacolinhas foi uma determinação da Juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª Vara Central da capital, após ação movida pela Associação Civil SOS Consumidor contra quatro grandes mercados. Na decisão, de segunda-feira, a magistrada deu um prazo de 48 horas para a volta das sacolas. Também deu 30 dias para que as sacolinhas biodegradáveis sejam oferecidas gratuitamente.

Das lojas visitadas, só a da rede Sonda, na Lapa, zona oeste, tinha a sacola biodegradável. O mercado também foi o único verificado que deixava as sacolinhas à vista, para o cliente usar à vontade.

No Walmart e Carrefour, a maioria dos caixas não tinha sacolinha à mostra. “Damos quando o cliente pede, mas só o suficiente para a compra”, disse uma atendente. Em um Pão de Açúcar na Casa Verde, zona norte, não havia sacolas sobre nenhum dos caixas.

“Se não peço, ninguém fala nada”, reclamou a aposentada Maria Cristina Monello, de 59 anos, que fazia compras na unidade. Em nota, o Pão de Açúcar informou que “mantém seu compromisso de estimular o consumo consciente através do uso racional de embalagens”.

Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, o controle das sacolinhas é uma maneira de evitar o desperdício. “Esse movimento ajuda na educação” afirmou. Galassi informou que a Apas irá recorrer na Justiça para a implantar o modelo apresentado na semana passada: cobrança de um valor entre R$ 0,07 e R$ 0,25 pela sacola e devolução e desconto do valor gasto na próxima compra.

A entidade ainda mantém a intenção de reciclar sacolinhas, criar um fundo socioambiental e dar descontos nos sacos de lixo. De acordo com o diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, os mercados não são obrigados a deixar as sacolas à mostra. “Não pode é haver recusa em fornecer as sacolas e precisa ser dada em quantidade adequada.”

O advogado José Eduardo Tavolieri, presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-SP, tem outra visão. “Esconder significa falta de transparência na relação entre fornecedor e consumidor”, afirma.



Veículo: Jornal da Tarde - SP


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