No primeiro dia de cumprimento à decisão da Justiça paulista, varejistas colocam operadores de caixa para controlar distribuição
Os supermercados paulistas voltaram ontem a fornecer sacolas plásticas aos consumidores. Porém, a distribuição agora é feita pelos operadores de caixa, que decidem quantas sacolas são necessárias para o transporte das compras. Alguns clientes reclamaram.
O Estado visitou pelo menos uma loja de todas as redes notificadas pela Justiça de São Paulo - Grupo Pão de Açúcar, Carrefour, Sonda e Walmart - e verificou que todas adotaram a mesma prática.
Segundo o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, o controle sobre a distribuição de sacolas já acontece em várias cidades do País. "Nós queremos acabar com a cultura do desperdício", disse. "A recomendação da juíza não é distribuir de forma adequada e em quantidade suficiente? Isso nós estamos fazendo."
De acordo com a determinação da juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1.ª Vara Central da capital, todos os supermercados devem "fornecer embalagens adequadas e em quantidade suficiente para que os consumidores levem suas compras, gratuitamente". O texto, porém, não fala nada sobre como deve ser feita essa distribuição.
Galassi afirmou que a Apas continuará com os projetos de criação de um fundo socioambiental - para apoiar projetos educativos e atender populações atingidas por enchentes e fenômenos climáticos - e de intensificação de campanhas publicitárias para despertar a consciência ecológica do consumidor.
"Não vamos mudar uma vírgula do que tínhamos planejado", disse. "A única proposta que vamos mudar é o reembolso ao cliente pelas sacolas plásticas devolvidas, porque, afinal, somos nós que estamos fornecendo." Antes da decisão judicial, os supermercados analisavam a possibilidade de reembolsar os consumidores que devolvessem a sacola utilizada em forma de desconto, de R$ 0,07 a R$ 0,25 por unidade, dependendo do modelo.
Consumidores. A volta das sacolinhas plásticas foi comemorada pelo vendedor ambulante Antônio do Nascimento, de 52 anos. "Só é ruim porque agora eles ficam regulando", afirmou.
Para a dona de casa Rosália Vieira, de 50 anos, as sacolinhas não deveriam voltar, pois poluem o meio ambiente. "Antes a gente usava saco de papel e ninguém reclamava", disse, levando suas compras (uma lâmpada e um saco de feijão) na mão.
Alguns consumidores reclamaram da falta de sacolas grandes para levar produtos maiores. Em uma loja Extra da Zona Norte, a repositora de mercadorias Janicleide Farias, de 42 anos, comprou uma panela e um escorredor de pratos, mas teve de sair com tudo na mão. "O pior é que eu vou pegar ônibus. Se colocar numa caixa de papelão fica pior ainda para carregar", afirmou.
O gerente da loja, que não quis se identificar, disse que as sacolas grandes estavam "em falta", mas o supermercado as providenciaria até o fim do dia.
A empregada doméstica Josefa da Silva, de 35 anos, fez questão de usar a sua sacola retornável. "Me acostumei com essa, porque cabe mais coisa", disse Josefa. "A plástica é muito fraquinha, e ainda faz mal para a natureza", acrescentou.
Veículo: O Estado de S.Paulo