Além do uso de geradores, estabelecimentos calculam em 40 milhões de m² o espaço para placas solares
A possibilidade de estender por pelos menos três horas diárias a geração própria de energia abriu uma segunda oportunidade de negócio para milhares de supermercados no país: a instalação de placas fotovoltaicas para a microgeração distribuída, em um área estimada em 40 milhões de metros quadrados. Há espaço ainda para economizar na conta mensal de energia, com a implantação de programas de eficiência energética nos estabelecimentos. O setor consome em torno de 2,5% de toda a geração de energia elétrica do país, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados.
A proposta de uso eficiente do insumo foi apresentada pelo presidente da Abras, Fernando Yamada, em reunião com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, na última quinta-feira, 26 de março. No encontro, representantes da entidade ouviram explicações sobre a Portaria 44, do MME, que trata da contratação de geração própria de unidade consumidora, e discutiram um possível investimento em geração solar fotovoltaica. Na questão da eficiência, o setor terá suporte técnico do ministério para a definição de ações de redução do consumo nas lojas.
Em relação à geração própria, os estabelecimentos poderão se habilitar nos processos de chamada pública promovidos pelas distribuidoras, para produzir energia destinada ao consumo próprio e também à injeção na rede de distribuição. Tudo depende ainda da aprovação de regulamento da Agência Nacional de Energia Elétrica com as condições para que essa contratação aconteça.
A Aneel abriu audiência pública no último dia 18 com uma proposta que define o valor R$ 1.420,20MWh para a energia produzida por consumidores com geração própria a diesel; de R$ 792,49MWh para a geração a gás natural e de R$ 388,48MWh, que é teto do Preço de liquidação das Diferenças, para as demais fontes. O prazo para contribuições foi encerrado nesta sexta-feira, 27.
Assim como em outros tipos de estabelecimento que usam geradores de energia, como shopping centers, pequenas indústrias e até mesmo hospitais, há um potencial a ser explorado pelos supermercados. A associação não tem um cálculo de quantos equipamentos de geração existem no setor, mas informa que a maior parte deles opera a diesel.
Os geradores ficam ligados normalmente entre 18h e 21h, ou entre 18h e 20h, nas lojas que fecham nesse horário. Com isso, os estabelecimentos que têm tarifa horo-sazonal evitam pagar mais caro pelo preço da energia no horário de ponta. Eles são acionados também em desligamentos programados pelas distribuidoras e quando há interrupções não programadas no fornecimento de energia.
A demanda estimada dos supermercados é considerada significativa pelo MME, destaca Yamada. “Se fizermos geração própria, é bem capaz de diminuirmos essa participação no consumo direto, que é o que foi proposto. E, a partir de agora, [podemos] começar a fazer o estudo de um programa para, além da geração via diesel, ter também geração por meio de placas fotovoltaicas”, explica à Agência CanalEnergia.
Atentos ao potencial de geração, os empresários do setor acreditam que não haverá problema em relação à logística de combustivel, uma das grandes interrogações na avaliação do mercado. A maioria dos estabelecimentos, segundo o presidente da Abras, tem capacidade de geração própria de pelo menos seis horas diárias e mantém volume de óleo diesel equivalente a esse período. “Eu acho que adaptar para um pouco mais, um pouco menos, é muito mais simples”, afirma Yamada.
Fonte: Sueli Montenegro, da Agência CanalEnergia, de Brasília, Negócios e Empresas