Importação de componentes não acompanha ritmo de comercialização dos televisores, que registra crescimento de 30% neste ano
Com "gargalo" na importação via aeroportos, demora na distribuição chega a 20 dias, diz indústria; Infraero aponta alta "inesperada" em Manaus
O crescimento acima do previsto nas vendas de televisores no primeiro trimestre deste ano provocou atraso na produção de TVs de LCD e plasma e nas entregas de mercadorias para as lojas em até 20 dias.
Os fabricantes, que previam vender no primeiro trimestre deste ano 10% mais do que em igual período de 2009, foram surpreendidos por uma expansão de demanda de 30%.
Com isso, há atrasos de até 20 dias na produção e na distribuição de TVs para o comércio, segundo informa o Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos e Eletrônicos de Manaus.
Para dar conta do maior volume de produção, a indústria de TVs, que está instalada em Manaus (AM), ampliou a importação de componentes.
Só que a Infraero (estatal que administra aeroportos) e a Receita Federal, segundo fabricantes, não têm dado conta, principalmente a partir do início deste mês, de registrar e liberar o volume maior de componentes e produtos que chega diariamente ao aeroporto.
A Infraero informa que o terminal de logística do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes (AM) registrou no primeiro trimestre alta de 212% na importação de todo tipo de produto. Foram recebidas 16.261 toneladas, ante 5.220 toneladas em igual período do ano passado.
"O resultado apresentado demonstra um aumento significativo e inesperado da demanda de cargas importadas, fato que, seguramente, vem afetando a capacidade de todos os elos da cadeia logística e produtiva local", segundo informa a Infraero por meio de nota.
A Infraero diz ainda que está adotando "todas as medidas de sua competência de forma a minimizar os impactos para os seus clientes".
Entre as medidas, estão: formação de uma força-tarefa composta por 20 funcionários da Infraero vindos de outras regiões do país e contratação de pessoal para lidar com manuseio de cargas e instalação de estruturas para aumentar a capacidade emergencial de armazenamento. A Infraero diz que em 20 dias a situação no aeroporto deve estar normalizada.
Fabricantes de televisores informam que um conjunto de razões favorece o aumento nas vendas de TVs neste ano: ano de Copa do Mundo, troca de tecnologia de TVs de tubo de imagem para aparelhos com tela fina (LCD e plasma), redução nos preços, além da expansão da oferta de crédito e de prazos de financiamento -o que estimula o consumo de classes de menor poder aquisitivo.
"Algumas linhas de produção nas fábricas em Manaus estão paradas, e empresas estão até mudando versões de produtos. Em vez de fazer TV de 42 polegadas, a companhia faz TV de 32 polegadas, por exemplo, para não parar a produção", afirma Wilson Périco, presidente do sindicato da indústria de eletrônicos de Manaus.
"Como a indústria traz as telas de TVs de LCD e plasma para o Brasil por via aérea, houve um acúmulo de cargas e atrasos nas entregas", afirma Ronaldo Mota, diretor-executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.
Renato Castro, inspetor da Receita Federal no aeroporto de Manaus, diz que o atraso na liberação de mercadorias se intensificou há três semanas. "O problema é de logística porque houve aumento significativo na importação. Hoje está sendo registrada pela Infraero carga que chegou há cinco dias."
O Magazine Luiza e as Lojas Cem informam que a expectativa é de alta de 50% nas vendas de TV no ano. O Carrefour informa que, neste mês, a rede superou em 35% a previsão inicial para a venda de TVs e que, sobre 2009, as vendas subiram 60%. As redes dizem que não há desabastecimento, mas pode ocorrer falta pontual de algum modelo nas lojas.
Veículo: Folha de São Paulo