Tecnologia pode ajudar setor a acelerar ganhos da década

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A pecuária brasileira avançou meio século na última década. Os números comprovam: a idade média para um boi gordo ir para o abate caiu de 48 para 36 meses; a taxa de desfrute (percentual do rebanho abatido por ano) passou de 17% para 25%.

 

Esses e outros indicadores fizeram a produção de carne passar de 5 milhões de toneladas para quase 10 milhões. Enquanto isso, o rebanho permaneceu estável.

 

Nos primeiros dez anos do século 21, o Brasil se tornou o maior exportador de carne bovina do mundo, com mais de 3 milhões de toneladas vendidas para 150 países. Além disso, assumiu a segunda posição em produção.

 

Sem dúvida, são conquistas para comemorar, mas isso não significa que podemos nos acomodar. Muito pelo contrário.

 

O grande arranque da pecuária nacional nos últimos anos ainda não foi suficiente para alcançar países como os EUA e a Austrália ou a vizinha Argentina. Nesses, a idade de abate é de 24 meses e a taxa de desfrute é de 35%.

 

A boa notícia é que há tecnologia disponível e com custo bem razoável para ajudar a pecuária a acelerar ainda mais os ganhos fantásticos da última década e vencer os desafios de tornar o Brasil o melhor produtor de carne bovina do planeta.

 

Por tecnologia não falamos simplesmente em inseminação artificial, técnica utilizada há mais de 50 anos e que proporciona apenas um bezerro por ano por matriz. Transferência de embriões, fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial a tempo fixo (IATF), sêmen sexado e bipartição de embriões são exemplos de novas tecnologias que impulsionam a produtividade.

 

A FIV pode fazer uma vaca gerar até 50 crias por ano; a IATF concentra todo o acasalamento em determinado período do ano, contribuindo para o aumento da eficiência do projeto pecuário.

 

Já o sêmen sexado permite escolher, com segurança superior a 90%, o sexo dos bezerros, o que ajuda a acelerar tremendamente a produção de carne ou de leite.

 

E há novas ferramentas tecnológicas chegando. Eis uma delas: os marcadores moleculares, que prometem, a partir da análise do DNA, identificar os animais mais propensos a ganho de peso, fertilidade, acabamento de carcaça, resistência a doenças, transformação dos nutrientes em carne.

 

Às portas da segunda década do século 21, no momento em que a FAO divulga que é preciso dobrar a atual produção de carne bovina nas próximas quatro décadas, para atender às necessidades da população mundial, as atenções estão voltadas para o Brasil.

 

Competência o pecuarista brasileiro tem e há tecnologia disponível para ajudar a vencer mais esse desafio.

 

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado angus, brahman e simental sul-africano.

 

Veículo: Folha de São Paulo


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