A credenciadora de pagamentos eletrônicos Redecard teve lucro líquido de R$ 374,6 milhões no segundo trimestre de 2010, resultado 9,1% maior que o de igual período de 2009. Apesar de o resultado estar em linha com o esperado pelo mercado, a empresa já sente o reflexo de dois fatores: a quebra da exclusividade entre a concorrente Cielo e a bandeira Visa e a entrada do banco Santander em conjunto com GetNet neste mercado.
O presidente-executivo da Redecard, Roberto Medeiros, ressaltou que "já há um impacto da maior competição nos resultados do segundo trimestre". Segundo ele, a credenciadora aumentou os gastos com contratação de pessoal, despesas de marketing. "A partir de agora, os investimentos com publicidade devem em patamares mais condizentes comm o nosso histórico."
O balanço da empresa mostra que os gastos com marketing aumentaram 77,1%. No segundo trimestre do ano passado a Redecard gastou R$ 13 milhões; no mesmo período deste ano o gasto saltou para R$ 23 milhões.
Medeiros disse também que a maior concorrência entre os atores de mercado causou mudança no perfil dos vendedores. "Aumentamos o gasto com contratações. Não são vendedores, mas sim consultores. Há um melhor treinamento."
O objetivo do grupo não é disputar mercado, mas sim buscar aumento de penetração em lugares onde a marca não é forte. "Investimos no centro-oeste, nordeste e Norte. Fazemos esforço concentrado no nordeste, pois temos a bandeira Hipercard. No próximo trimestre devemos ter um incremento nos resultados por causa destas regiões."
Outro foco é entrar em setores onde não a empresa ainda não atua, como educação, saúde, taxis e no setor moveleiro. Segundo o executivo, no segmento de móveis, a empresa cresceu o faturamento em 24% no primeiro semestre na comparação com igual período de 2009. "Em educação, nosso faturamento cresceu 44% no primeiro semestre. Já entre médicos, dentistas e clínicas, crescemos 36%."
A receita com taxistas aumentou 13%. Ao todo foram credenciados 45 mil taxistas. "A dificuldade é a de acertar a melhor forma de recebimento: se por celular ou se por maquininhas (POS) implantadas nos carros." A Redecard fez convênio com a construtora Tecnisa para que as parcelas de entrada dos compradores e as comissões dos vendedores sejam pagas com cartões.
O executivo descarta baixar taxas para brigar por mercado. "Você voaria em uma companhia aérea na qual não confia só porque ela cobra a metade do preço? Provavelmente não. É preciso oferecer serviços , antecipação e atendimento porta a porta." O objetivo é que o meio eletrônico chegue a 45% do mercado com é nos EUA; hoje é de 22%.
Outra consequência do aumento da concorrência, revelou Medeiros, sem dar detalhes, é que já existe escassez de máquinas para fornecer aos clientes. "Pedimos para fabricantes acelerarem para não faltarem máquinas."
O DCI tentou contato com alguns fabricantes de POS , mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Pessoal
No segundo trimestre do ano passado, a empresa gastou R$ 31, 454 milhões com despesas de pessoal. Já neste ano, a receita aumentou em 40,7% e a Redecard desembolsou R$ 44,264 milhões. A consequência é o aumento de despesas administrativas, que aumentaram 25,3% e alcançaram R$ 30 milhões, ante R$ 24 milhões no ano passado.
Para fidelizar clientes, a Redecard fez mais antecipação de recebíveis. Neste semestre a empresa antecipou 23,6% do volume, ou R$ 6,8 bilhões, cerca de 30% mais que no ano passado. "Queremos fidelizar clientes e oferecer capital de giro para renovar estoques, por exemplo."
Medeiros acredita que está taxa deva se fixar em até 25%. "Vemos que as taxas ficam ainda mais pressionadas e por isto temos de ter preços competitivos." O presidente destaca ainda que a entrada do Santander e GetNet pode pressionar mais ainda.
Bandeira
De olho no público da Copa e da Olimpíadas, a Redecard deve fechar parceria com redes de cartões internacionais. Hoje a empresa aceita 19 bandeiras.
Segundo Roberto Medeiros a empresa já tem diálogo avançado com marca asiática. "Até o final do trimestre que vem anunciaremos ao menos uma entre as várias bandeiras que conversamos."
O executivo destaca que a aceitação das bandeiras internacionais deve se dar em cidades turísticas, como o Rio de Janeiro, e em cidades de negócios, como São Paulo. "Capitais do nordeste brasileiro e do sul também devem receber, até mesmo bandeiras sem autorização no Brasil."
A credenciadora também deve fechar convênio com a American Express (Amex).
Mudanças
Medeiros analisa que o consumidor brasileiro começa a mudar seus hábitos. "A venda com cartões de crédito aumentou muito. O brasileiro quer saber a parcela que cabe no bolso."
De acordo com ele, toda vez que o lojista precisa vender mais recorre ao alongamento de prazo. "Por isto, no semestre, a venda com crédito aumentou 22%, frente a 15% no débito. É a tendência do mercado."
Dividendos
O Conselho de Administração da Redecard aprovou na quinta-feira o pagamento de R$ 664 milhões em dividendos.
Segundo Medeiros, existem mais R$ 26,3 milhões de juros sobre capital próprio que também serão distribuídos.
Os resultados do segundo trimestre de 2010 e serão pagos aos acionistas que tiverem ações da Redecard em 5 de agosto, incluindo ações negociadas "ex-direitos" a partir de 6 de agosto.
Veículo: DCI