A venda porta a porta chama a atenção do mercado editorial, ao superar as vendas do comércio eletrônico (e-commerce) e ficar abaixo apenas das vendas em livrarias físicas. A perspectiva para o segmento para este ano é que este nicho de venda direta tenha aumento de 10% a 15%, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que contabilizou mais de 28,8 milhões de livros vendidos na modalidade porta a porta (venda direta) no Brasil, em 2009.
De acordo com a diretora de Marketing da Barsa Planeta Internacional Sandra Cabral, a demanda das classes C e D fez locais como Manaus, Belém e Rondônia hoje serem a grande aposta da empresa. "Acabamos de abrir uma filial em Rondônia devido a alta demanda de lá. Não compensava mais mandar vendedores daqui para a região", explicou.
Para o presidente da Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL), Luís Antônio Torelli, a bola da vez deste segmento é a venda porta a porta por meio do cartão crédito. "Em março deste ano fizemos uma parceria com a Redecard em que vendedores de algumas distribuidoras credenciadas têm um chip instalado no celular e realizam as vendas com os dados do cartão do cliente, pelo aparelho móvel. A transação é chamada de foneshop", disse Torelli.
Segundo o porta-voz da ABDL, a nova opção de pagamento deve gerar um aumento entre 15% as vendas. "Antes dessa parceria perdíamos esta porcentagem em vendas devido aos populares hoje não utilizarem tanto cheque, e o carnê ter perdido a voz ativa", alertou.
Quem concorda com ele é a diretora de Marketing da Barsa. "As vendas de cartão de crédito hoje correspondem a mais de 50% das vendas da Barsa", explicou. No Brasil há 70 anos, a empresa começa a pensar em abrir capital na Bolsa de Valores. "Estamos analisando a possibilidade de abrir capital. Nosso presidente inclusive viaja no próximo mês para a Espanha para ver isso de perto", disse a executiva.
A Barsa Planeta Internacional possui ao total 18 obras em seu portfólio e vendeu 350 mil obras no ano passado, sendo o carro-chefe da empresa a enciclopédia Barsa, com 72 mil obras vendidas em 2009. Atualmente a empresa tem dois mil vendedores e está presente em 14 estados no País. A pretensão é crescer 15%, por isso parcela em até 25 vezes, com parcelas a R$ 120 e acessível para a classe C e D.
Segundo a ABDL com a construção de tantos prédios nas capitais do Brasil, o segmento hoje mira para atingir o público-alvo as escolas, tanto públicas como particulares. "Hoje as instituições de ensino representam 60% das vendas diretas", disse.
Livrarias
Apesar do segmento estar forte ainda no País, a expansão das lojas físicas no segmento de livrarias ainda é forte e o investimento para se manter no ranking também. A Livraria SBS, por exemplo, que hoje atua no Brasil, Argentina e Peru e envolve 60 livrarias, no primeiro semestre deste ano abriu uma loja na unidade da PUC de Brasília, e para o próximo deve inaugurar mais dois pontos de vendas na PUC de Recife e FGV em Brasília.
"Queremos crescer organicamente e continuar com o foco em vendas de livros de idiomas", comentou a diretora da SBS, Susana Fioressi. Para ela, com a nova Classe C este ano, a rede pretende passar o ticket médio de R$ 45 para R$ 50. A SBS atua com e-commerce, porém considera ainda as vendas insignificantes.
Já a distribuidora Disal, de livros didáticos e línguas, com 14 lojas próprias no do País, e ticket médio de R$ 80, deve abrir sua 15° loja em Belo Horizonte (MG) e também aposta na nova classe emergente, porém com uma estratégia diferente. "Vamos apostar em mais opções de compras neste semestre. Neste mês teremos mais de 15 lançamentos para este público", explicou a supervisora da Disal, Juliana Camargo.
Entre as maiores do segmento, ainda há forte crescimento na área de vendas on-line. No recente balanço da Livraria Saraiva, a companhia, com 91 unidades instaladas, atingiu um faturamento 21,7% maior no primeiro semestre deste ano, ante o mesmo período do ano anterior, sendo que a participação do total de receita bruta das operações do site Saraiva.com em relação ao total das operações varejistas do grupo atingiu 36,2% no primeiro semestre de 2010. A receita bruta do grupo atingiu R$ 742,3 milhões neste período no primeiro semestre. A livraria Saraiva afirmou que daqui até o final do ano vai dar maior ênfase aos segmentos de livros didáticos e universitários.
Veículo: DCI