A sexta edição do Fórum de Internet Corporativa traz hoje para Porto Alegre, na Pucrs, alguns dos principais nomes do e-commerce brasileiro além da atração internacional Erik Qualman, especializado em redes sociais e autor do livro Socialnomics: Como a mídia social transforma o jeito que nós vivemos e fazemos negócios. O encontro, promovido pela Associação Brasileira das Agências Digitais (Abradi-RS), colocará em debate o enorme potencial que a entrada dos consumidores da classe C - cerca de 95 milhões de pessoas -, trazem para os negócios na rede mundial. O diretor-geral do Mercado Livre, Helisson Lemos, apresentará a visão da empresa, que está há 11 anos no mercado, para atrair esse novo perfil de consumidor. Em 2009, mais de 9 milhões de usuários compraram e pelo menos 3 milhões venderam produtos pelo site, nos 13 países onde a empresa está presente. O volume médio de negócios que gerados chegou a US$ 2,7 bilhões, para 30 milhões de itens transacionados.
Jornal do Comércio - Como a entrada dessa massa de novos consumidores, que chega a partir da inserção definitiva da classe C no mercado de consumo brasileiro, impacta os negócios da empresa?
Helisson Lemos - Existe uma série de acontecimentos que desembocaram nessa nova onda de consumo da classe C na internet brasileira. A primeira coisa que faz girar a roda é aumento de renda da população. Sem renda, não há milagre. Nos últimos dez anos, vimos um incremento dos níveis de bancarização e das vendas de computadores, que só em 2009 chegaram a 13 milhões. Existe ainda a adoção de netbooks e o incremento dos acessos à rede mundial através dos smartphones. Além dessas novas plataformas, temos uma melhoria na infraestrutura de acesso à web e com qualidade, através da banda larga. Ter uma internet de alta velocidade impacta, diretamente, no aumento do comércio eletrônico. O resultado disso é um número maior de pessoas navegando, participando das redes sociais e pesquisando e comprando online.
JC - Como o Mercado Livre está procurando se comunicar com esse público?
Lemos - Nesse sentido, existe uma questão curiosa. O Mercado Livre sempre desenvolveu as suas ações de publicidade de forma a direcioná-las ao público que já acessava a web, o que ajudou a tornar a nossa operação uma referência em e-commerce entre as classes A e B. Durante esses dez anos, foi com esse público que nos comunicamos. A novidade agora é que temos uma nova onda de consumidores online que ainda não tiveram acesso às informações da nossa empresa e, para atender a esse público, adotamos a estratégia inversa. Estamos investindo em marketing offline para falar com esse novo público que está começando a sua vida online.
JC - Quais são os novos projetos do Mercado Livre para os próximos anos?
Lemos - O Mercado Livre é uma empresa de tecnologia que desenvolve soluções para o mercado eletrônico em geral. Esse ano de 2010 está sendo muito importante para a história da nossa empresa. Sempre fomos conhecidos por ser uma plataforma de compra e venda de produtos pela web e pelo Mercado Pago, que é a nossa unidade de negócios de meios de pagamento. Agora, essa solução poderá ser usada também em outros sites de comércios eletrônico. É a nossa ação mais importante do ano, pois nos abre um novo leque de oportunidades.
JC - Quais são as perspectivas de crescimento em 2010?
Lemos - O Mercado Livre e o Mercado Pago tiveram receita de US$ 52 milhões no segundo trimestre de 2010, crescimento de 28,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Não podemos projetar percentuais de crescimento até o final do ano, pois abrimos capital na Nasdaq em 2007, mas pretendemos crescer que o comércio eletrônico na região. Além da ampliação da plataforma de meios de pagamento, em 2009 e neste ano fizemos algumas mudanças no site e melhoramos a nossa ferramenta de publicidade, o Mercado Ads.
Veículo: Jornal do Comércio - RS