O Citigroup, através de sua subsidiária Credicard, firmou parceria com a subsidiária da U.S. Bancorp, a Elavon, para uma joint venture e a criação de uma empresa de cartões de crédito e débito para atender os varejistas brasileiros. A intenção é tirar mercado das principais empresas do setor, Cielo e Redecard.
Leonel Andrade, presidente da Credicard, afirma que a nova empresa terá uma política agressiva, sempre respeitando as empresas que já estão no mercado. "Nosso objetivo é de alcançar 15% do mercado de adquirência em 5 anos", revela Andrade.
A nova concorrente do mercado de cartões deve iniciar suas atividades no segundo trimestre de 2011. "No momento estamos montando a equipe de trabalho e desenvolvendo as ferramentas para distribuir melhor os pontos da empresa", explica Andrade.
A parceria prevê metade do controle para cada companhia, e os investimentos que serão realizados para implementação do acordo não foram divulgados. "O que posso dizer é que somos bem agressivos em relação aos investimentos. Neste projeto iremos investir na casa dos dois dígitos de milhões de dólares", destaca Mike Passilla, presidente da Elavon.
Segundo Gustavo Marin, presidente do Citi Brasil, as empresas vêm conversando há pelo menos um ano. "Este é o fim da primeira etapa, agora teremos que colocar a empresa para funcionar. Estamos muito otimistas com o valor de mercado que essa nova companhia pode chegar", diz Marin.
Marin diz ainda que não descarta uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas que primeiramente precisaria alcançar o objetivo - 15% do mercado de cartões no Brasil.
Passilla afirma que o mercado brasileiro já vinha despertando interesse da Elavon, e que o Brasil seria a porta de entrada a outros países da América Latina. "É um mercado muito interessante. Procuramos dar uma nova alternativa ao mercado. Utilizaremos uma plataforma global que a Elavon já utiliza em outros países", acrescenta Passilla.
A oportunidade do Brasil de sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 foi um dos fatores que influenciaram a vinda da Elavon ao Brasil. "Trabalhamos em outros países com companhias aéreas e com os setores de Petróleo, Turismo e Viagem, e Varejo", diz Passilla.
O presidente da Elavon não informou quais seriam os serviços diferenciados a esses setores, mas disse que já trabalha em outros países com sistemas que podem ser implementados no mercado brasileiro de cartões.
Há cerca de dois anos, o presidente do Citi Brasil revelou que não via interesse no mercado de cartões. "A mudança da regulamentação dos cartões, tirando o direito de exclusividade, alterou o mercado de cartões no Brasil. Do jeito como estava o mercado de cartões no passado era preciso mudar", avalia Marin.
Andrade lembra que a empresa está aberta a novas parceiras com outros bancos e operadoras. "O novo marco regulatório colocou o Brasil em destaque novamente. Temos disponível as bandeiras Visa e MasterCard, e além disso temos o Diners, que é nossa bandeira."
Mais mudanças
A criação de um percentual de pagamento mínimo da fatura de cartão de crédito, determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim do mês passado, não é suficiente para evitar o aumento da inadimplência dos consumidores, na avaliação do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).
Ele, que é relator da subcomissão especial destinada a propor medidas para regulamentar as atividades das empresas do setor, vai propor elevação para 35%. Pelo CMN, o pagamento mínimo obrigatório será de 15% a partir de junho do próximo ano e de 20% a partir de dezembro.
O relator garantiu que a reunião de terça-feira não será esvaziada por causa das decisões já anunciadas pelo governo nesta questão. "Ao contrário: o governo tomou medidas por causa da nossa comissão e eu até segurei o relatório para colocar os pontos já determinados pelo CMN", argumentou. O relatório conterá, segundo o parlamentar, algumas recomendações ao Banco Central, um dos três integrantes do CMN, ao lado dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. Além do percentual mínimo, o documento conterá a necessidade de unificação das tarifas.
Quintão disse também que pretende colocar em consulta pública uma votação: se as empresas de cartão de crédito deveriam ou não ser enquadradas como instituição financeira. Por não serem classificadas como tal até o momento, a atuação do BC sobre as companhias é limitada. "Esta é uma questão crucial no processo", disse o deputado.
Veículo: DCI