Empresas gastam R$ 62 bi com TI

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O ano de 2011, segundo a previsão das empresas, vai consolidar a retomada dos investimentos em tecnologia da informação (TI) no país. Dados preliminares de um estudo do Instituto sem Fronteiras (ISF), envolvendo 1,2 mil companhias, indicam que os investimentos do mercado empresarial devem somar R$ 61,9 bilhões, com crescimento de 10,3% ante os R$ 56,1 bilhões de 2010. Das 740 empresas que até agora responderam à pesquisa, 65% disseram que vão ampliar o orçamento destinado à TI.

 

O cenário otimista foi confirmado por seis grandes companhias ouvidas pelo Valor, que juntas tocam projetos de longo prazo num total de R$ 7 bilhões. O setor financeiro, que tradicionalmente lidera os investimentos em TI no país, retrata bem esse contexto. No Bradesco, o vice-presidente-executivo, Laércio Albino Cezar, diz que uma das prioridades será dar continuidade ao projeto TI Melhorias, iniciado em 2005, que já conta com 27 etapas concluídas. "Vamos seguir a mesma rota de 2010, com um orçamento total em torno de R$ 3,4 bilhões", diz.

 

No campo da segurança, o banco planeja expandir o número de caixas de autoatendimento bancário (ATM) com recursos de biometria da palma da mão, de 18 mil para 30 mil equipamentos. O uso da biometria também será uma das estratégias do Itaú Unibanco, que investiu R$ 3,4 bilhões em TI em 2010 e vai ampliar o orçamento em 2011.

 

Na Petrobras, o orçamento total em TI deve ficar em R$ 3,6 bilhões, 8% maior que o do ano passado.

 

Investimentos retomam ritmo pré-crise

 

Um ano para confirmar a retomada no volume de investimentos das empresas em tecnologia da informação (TI): essa é a expectativa das grandes companhias brasileiras para 2011, depois de um 2009 marcado pelo adiamento de projetos importantes e do início de um processo de recuperação em 2010.

 

Segundo dados preliminares de um estudo que está sendo conduzido pelo Instituto sem Fronteiras (ISF) e que vai abranger 1,2 mil empresas públicas e privadas, os investimentos em TI vão somar R$ 61,9 bilhões neste ano, o que representa um crescimento de 10,3% ante os R$ 56,1 bilhões registrados em 2010. Das 740 empresas que já responderam à pesquisa, 65% disseram que vão ampliar o orçamento destinado à TI. Os recursos incluem tanto o desenvolvimento interno de sistemas como a compra de produtos e serviços de terceiros.

 

"Apesar do crescimento de 10,5% em 2010, a base de comparação era baixa. A projeção de manter o índice neste ano mostra que as cifras realmente estão voltando ao patamar pré-crise", diz Ivair Rodrigues, analista do ISF.

 

O cenário otimista foi confirmado por seis grandes companhias ouvidas pelo Valor. Todas planejam manter ou ampliar os orçamentos, dirigidos principalmente a projetos de longo prazo. Só parte dessa conta - já que nem todas revelam valores - supera a faixa de R$ 7 bilhões.

 

Três áreas básicas disputam os recursos das empresas: tecnologias que ajudam a reduzir os custos, segurança e mobilidade.

 

Segmento que historicamente lidera os investimentos em TI no país, o setor financeiro retrata bem esse contexto. No Bradesco, o vice-presidente-executivo Laércio Albino Cezar diz que uma das prioridades será dar continuidade ao projeto TI Melhorias, iniciado em 2005. Depois de concluídas vinte e sete etapas, o processo chega ao fim neste ano. Desde 1962, o banco desenvolve sistemas que nem sempre têm ligação entre si. A proposta é criar uma base tecnológica comum capaz de integrar todos os sistemas. O objetivo é acelerar o lançamento de produtos e serviços. "Vamos seguir a mesma rota de 2010, com um orçamento em torno de R$ 3,4 bilhões", diz Cezar.

 

No campo da segurança, que concentra cerca de 8% do investimento anual do Bradesco em TI, o executivo diz que o banco planeja expandir o número de caixas de autoatendimento bancário (ATM) com recursos de biometria da palma da mão, de 18 mil para 30 mil equipamentos.

 

O uso da biometria nas transações bancárias também será uma das estratégias do Itaú Unibanco, que investiu R$ 3,4 bilhões em TI no ano passado. "Pretendemos ampliar o orçamento em 2011 para aumentar a eficiência, a segurança e oferecer mais conveniência aos clientes", diz Alexandre Barros, vice-presidente de tecnologia do banco. O orçamento deste ano não é revelado. Entre outros projetos que estarão em pauta, o executivo destaca o desenvolvimento de aplicativos e serviços para dispositivos como smartphones e tablets.

 

Redução de custos, segurança da informação e recursos móveis, como tablets e smartphones, são as prioridades
Fazer mais com os mesmos recursos é um traço comum nos planos das companhias. Na Petrobras, o orçamento de TI será de R$ 3,6 bilhões, 8% maior que o do ano passado. Mas há uma mudança na divisão interna das contas: os investimentos propriamente ditos devem cair 10%, para R$ 1 bilhão, enquanto as despesas operacionais vão crescer um pouco e chegar a R$ 2,6 bilhões. A empresa fez um leasing de computadores e servidores [os equipamentos que administram os dados e programas em uma rede], para economizar recursos e destiná-los a outros projetos.

 

Ainda neste semestre, a Petrobras pretende inaugurar seu novo centro de processamento de dados, que foi construído ao longo dos três últimos anos e vai concentrar 60% dos sistemas críticos da empresa. A unidade ficará na Ilha do Fundão, no Rio, integrada ao centro de pesquisa e desenvolvimento da companhia.

 

A Petrobras também está investindo em sua rede de fibra óptica, que acompanha a malha de gasodutos e alcooldutos da companhia e está sendo expandida na Bacia de Campos, que vai receber os investimentos do pré-sal. "Vamos concluir neste ano nosso sistema de telefonia IP [via internet], que interliga escritórios e algumas plataformas de petróleo e gás", diz Fonseca.

 

Segundo Marcelo Kawanami, analista da consultoria Frost & Sullivan, os investimentos em TI têm sido ampliados, em grande parte, para sustentar o crescimento das empresas. "Verificamos um aumento na geração de negócios e dados que exigem investimento em TI para fazer tudo funcionar."

 

É o caso da Ambev, que prevê um orçamento de R$ 50 milhões neste ano, e dará continuidade à criação de novos centros de distribuição e à ampliação de suas fábricas. "Temos uma agenda bastante forte e vamos investir muito em telecomunicações e logística", diz Sergio Fernandes Vezza, diretor de TI da companhia.

 

Além da implantação de softwares de gerenciamento de transportes e de depósitos, a Ambev planeja integrar seu sistema de gestão de recursos humanos com as operações na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. "Vamos equilibrar essas demandas com as tecnologias voltadas à equipe de vendas, que sempre foram a vertente mais forte na empresa", afirma Vezza.

 

O grupo Pão de Açúcar também seguirá um linha de investimentos em softwares logísticos e comerciais, sob o projeto Futuro do Varejo. "Em 2011, vamos concluir a fase um, com a implantação das ferramentas de gestão de abastecimento e gerenciamento de transporte em nossas lojas e centros de distribuição", diz Ney Santos, diretor de TI do grupo.

 

O orçamento do Pão de Açúcar para 2011 não é revelado, mas Santos explica que o projeto Futuro do Varejo consiste na migração dos sistemas que já eram usados na empresa para o Oracle Retail, um conjunto de programas desenvolvido especificamente para o segmento varejista.

 

Bancos e operadoras vão continuar na liderança dos gastos com TI, diz Kawanami, da Frost & Sullivan, mas segmentos como varejo e saúde estão ganhando espaço, o que vai estimular a criação de ofertas específicas para essas atividades.

 

Algumas companhias também já iniciaram seus investimentos em modernização para ficar preparadas para a Copa do Mundo, afirma o analista. A grande novidade para o ano, diz Kawanami, será a adoção dos tablets dentro das empresas.

 

A tendência está na pauta da Cemig. Segundo Jamir Teodoro Lopes, superintendente de tecnologia da companhia energética, os principais executivos vão receber tablets para acessar informações e sistemas internos. "Estamos estudando com o departamento de telecomunicações outros equipamentos e aplicações que possam ser usadas", diz Lopes.

 

O orçamento da Cemig para TI em 2011 terá um incremento de 20%, afirma o executivo. "Em 2010, cuidamos de estabilizar o que estava em andamento. Em 2011, vamos investir em projetos novos."

 

Um dos grandes destaques para a Cemig será a ampliação do uso dos chamados sistemas analíticos para as demais empresas do grupo. Esses softwares agrupam informações referentes às atividades de uma companhia e auxiliam os executivos na hora de tomar decisões estratégicas. "O momento econômico é muito favorável ao crescimento das empresas. E um dos pilares desse processo é a TI", diz Lopes.

 

Veículo: Valor Econômico

 


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