RFID: ela ainda vai seduzir o varejo

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A tecnologia de Radio Frequency IDentification (RFID - Identificação por Radiofrequência), pela qual uma etiqueta é capaz de armazenar diversas informações sobre um item e ser lida por antenas, está substituindo o código de barras em vários segmentos: na cadeia produtiva, na identificação de pessoas, no controle de estoques e expedição de mercadorias, em pedágios, órgãos públicos, entrada e saída de shows, estádios e eventos.

 

Para chegar à boca do caixa do varejo, porém, a RFID ainda tem um caminho lento a percorrer. A diversidade de itens a serem controlados e o custo elevado em todas as etapas do rastreamento (em contraposição às apertadas margens de lucro do varejo) são as dificuldades apontadas pelo segmento. A NL Informática, especializada em software de gestão, lançou um projeto-piloto para mostrar a aplicação dessa tecnologia aos seus clientes do comércio. Criou uma loja conceito em Caxias do Sul (RS) com identificação por radiofrequência.

 

No showroom é simulada a venda de roupas em que as peças e embalagens são dotadas de tags inteligentes (com o chip de identificação) e lidas remotamente por antenas e coletores RFID nas mãos de funcionários. Essas informações seguem para um computador no caixa que confere a compra e fornece o preço, explica a gerente comercial da NL, Grasiela Tesser.

 

"Ao entrar na loja, o cliente escolhe o produto e uma antena faz a leitura da mercadoria de forma instantânea enviando as informações para o caixa para a emissão do cupom fiscal e pagamento".

 

O software de gestão de vendas da NL (para check-out, retaguarda e pré-venda) está integrado à RFID da loja. Outra aplicação da tecnologia é auxiliar no inventário. Os produtos etiquetados são lidos pelos coletores ao serem aproximados da gôndola e contados de uma só vez, compondo o inventário. Dois clientes varejistas da NL (que ainda não podem ser revelados) estão testando a integração da RFID no seu inventário.

 

Carnaval - Um chip maleável com ID será aplicado em abadás de blocos carnavalescos a partir de 2012, na Bahia. Alguns testes estão sendo feitos desde o ano passado, submetendo os abadás com a tag a variações de temperatura e lavagem. "A  aplicação será em larga escala no próximo carnaval", informa Luciana Cabrini, diretora de Marketing da Saint Paul. A empresa fornece as etiquetas, além de leitores e antenas. Seus parceiros são a TopCode (responsável pelo middlware), o Senai, que fará a validação dos abadás, e a Digita, com o Tracker ID, para gerenciar o sistema, a segurança, banco de dados e o acesso das pessoas.

 

Segundo Cabrini, a Central do Carnaval, que controla vários blocos famosos na Bahia, quer identificar os usuários para garantir segurança no acesso das pessoas e evitar falsificações dos abadás. A etiqueta com um código é colada ao tecido da camisa para ser rastreado por antenas e leitores colocados num portal posicionado na entrada dos camarotes. O processo dispensa cartões, pulseiras ou catracas. A leitura é feita à distância. Além disso, a organização saberá, em tempo real, onde cada segurança ou coordenador encontra-se num determinado camarote, permitindo a redistribuição de pessoas, se for o caso.

 

O Exército brasileiro é outro importante usuário da RFID no 21º Depósito de Suprimentos (em São Paulo), que atende a 61 bases militares. A unidade de logística adota, há mais de um ano, tags inteligentes em seus materiais de acampamento, uniformes, capacetes e calçados e já investiu no processo R$ 312 mil (parte desse valor foi aplicado em outros setores de logística). O projeto foi integrado pela Seal Tecnologia, cujo middleware aciona a leitura das etiquetas. 

 

O comandante da unidade, tenente-coronel José Maurício Sá Fernandes, explica que são controlados os suprimentos que entram e saem do 21º Depósito. São 150 tipos de produtos de centenas de fornecedores. O objetivo da gestão com RFID é obter informações mais precisas sobre a disponibilidade de materiais e, a partir daí, evitar perdas de estocagem e planejar melhor os gastos. O próximo passo será estender o rastreamento aos gêneros alimentícios, o que, segundo o tenente-coronel Sá, será um "desafio por causa da peculiaridade dos suprimentos (itens armazenados em baixas temperaturas e em ambientes úmidos) e a diversidade de gêneros secos (arroz, macarrão, enlatados)". Ou seja, a mesma dificuldade enfrentada pelos supermercados na adoção da tecnologia.

 

No segmento industrial, um dos cases de sucesso é o da Fatec, produtora de  suplementos alimentares para animais. A empresa rastreia todo o material que entra na fábrica até a expedição. "O sistema lê as etiquetas das matérias-primas, separação,  estoque,  produção, pesagem, colocação em paletes, armazenamento e transporte",  diz o diretor da Top Code, Denilson Alexandre da Silva, fornecedor do middleware no projeto. Os coletores móveis são conectados à rede wireless. Todas as informações são enviadas para o servidor e os dados associados à gestão da Fatec. Silva conta que foram eliminadas 830 mil etiquetas/ano de códigos de barras e substituídas por 4 mil tags acrílicas retornáveis. Além da redução de papel, a Fatec conseguiu diminuir o tempo de produção em 30%, alguns processos passaram de 25 minutos para apenas 2 minutos, e a expedição ganhou 40% em agilidade.

 

O gerente de soluções da IBM Brasil, Rogério Aversa, lembra que apesar das vantagens – economia, tempo e precisão na gestão – alguns setores ainda avaliam a adoção da tecnologia, especialmente o varejo. "A RFID envolve logística, diminuição de estoques e o tempo em que o produto fica armazenado, mas, no caso do comércio, exige investimentos a mais para facilitar a vida do consumidor na boca do caixa". Segundo Aversa, o varejo tem margens de lucro apertadas e não pode esperar muito pelo retorno do que foi investido.

 

Etiquetas nas gôndolas - Enquanto a RFID não vinga no comércio, a alternativa pode ser a etiqueta eletrônica de prateleira (Electronic Shelf Label - ESL). A Seal Tecnologia está integrando a solução para o grupo Pão de Açúcar. Três lojas (duas em Brasília e uma em São Paulo) estão testando as ESL da francesa Pricer. São telas de cristal líquido colocadas nas gôndolas que exibem preços, promoções e características dos produtos.

 

Segundo o diretor de Marketing e Vendas da Seal, Wagner Bernardes, elas se comunicam por infravermelho com o sistema de gestão do varejista. O ERP capta os dados de vendas no caixa e também detalha o estoque aos supervisores e gerentes. O gerente da loja pode atualizar até 300 mil etiquetas por hora, agilizando as promoções diárias do supermercado e a reposição de mercadorias nas gôndolas. Redes como o Carrefour, Casino, Sonae, Metro, Castorama já utilizam a solução da Pricer em seus supermercados em vários países. No Brasil, o Pão de Açúcar não quis comentar o projeto porque ainda está em fase piloto.

 


Veículo: Diário do Comércio - SP


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