São Paulo - A despeito da crise, a Black Friday, realizada tradicionalmente na última sexta-feira de novembro, está cada vez mais enraizada na cultura do consumidor brasileiro. Em 2017, a expectativa é que a data movimente R$ 2,2 bilhões, levando em consideração apenas o e-commerce.
"A Black Friday é uma data que cresce contra a corrente. Enfrentamos três anos muito difíceis, com mudança de presidente e um cenário econômico muito complexo. Olhando para 2015, quando estávamos no pico das manifestações e com a economia começando a se 'degringolar', a Black Friday cresceu 38%, faturando R$ 1,6 bilhão somente no comércio eletrônico. No ano passado, com impeachment, novo presidente, e várias incertezas, a Black Friday, ainda assim, cresceu 17%, faturando R$ 1,9 bilhão no e-commerce", comemora o chefe de indústria de varejo do Google, José Melchert. Nas lojas físicas, as vendas obtiveram alta de 11% na última Black Friday, de acordo com dados do Serasa Experian.
Segundo um estudo sobre o comportamento do consumidor on-line na data, divulgado ontem (22) no evento "Thank's God It's Black Friday", encomendada pelo Google e realizada pela Provokers, a data deve movimentar R$ 2,2 bilhões no comércio eletrônico brasileiro - espera-se alta entre 15% e 20% ante 2016. Com os avanços recentes na geração de empregos e na intenção de consumo das famílias, além das quedas na taxa de juros e na inflação, a expectativa para a data este ano é promissora.
"Ainda temos uma série de incertezas e turbulências. Até três semanas atrás, poderíamos ter uma mudança de presidente ou não. O desemprego estava aumentando, mas já começa a registrar uma melhora no número de carteiras assinadas. Começamos a ver também uma gama de outros índices da economia que estão melhorando, como a intenção de consumo. Inclusive, falando nisso, algo muito impactante que aconteceu este ano foi a liberação do FGTS. Isso deu uma injeção de dinheiro tanto para uma quitação de dívidas quanto para o consumo. Tanto que tivemos um trimestre de crescimento do varejo pela primeira vez desde 2014", diz.
Promoção a semana toda
Apesar de ser conhecida estritamente pelas promoções de lojas físicas e virtuais na sexta-feira, a Black Friday, que neste ano será realizada no dia 24 de novembro, é utilizada por muitos varejistas como uma forma de impulsionar as vendas durante a semana inteira do evento, ou até mesmo no decorrer do mês de novembro. A pesquisa identificou que 21% das vendas da Black Friday ocorrem entre segunda e quinta-feira da semana, ou no final de semana pós-evento, e apresentam um tíquete médio maior que na data.
"Se a Black Friday antes era somente na sexta-feira, e depois ela começou a ir para a quinta. Hoje, ela já não é mais isso. Vimos nos últimos anos que o pós Black Friday, no sábado e domingo, às vezes é tão forte para alguns quanto ele é na própria sexta-feira. Se você não consegue brigar pela atenção do consumidor na própria sexta, pode aproveitar o antes ou o depois", indica Melchert.
Além disso, a multicanalidade, processo onde os clientes compram pela internet e retiram o pedido na loja, está em alta no período. O Google estima que esse método seja utilizado duas vezes mais na Black Friday em relação ao Natal.
De olho nesse potencial, a Ikesaki Cosméticos desenvolveu essa opção recentemente e viu o faturamento saltar 400% na última Black Friday. "Estamos fazendo um trabalho muito forte de conexão de omnichannel desde o ano passado, para que o consumidor que comprar no site possa retirar na loja. Além disso, as pessoas que estão na loja também são impactadas por ações para ir para o site", corrobora a gerente de e-commerce da Ikesaki, Edilaine Godoi.
Se 61% das pessoas pretendiam participar da Black Friday em 2016, esse número hoje foi elevado para a 68%; prova que as pessoas estão confiando mais nas promoções da data. "A Black Friday já está na cabeça dos brasileiros. Estimamos que 370 mil pessoas comprem pela primeira vez na data este ano, o que representa mais ou menos 10% dos novos e-shoppers ao longo de 2017", acrescenta a gerente de insights do Google, Carol Rocha.
Fonte: DCI São Paulo