Meios de pagamento: Empresa americana quer recuperar espaço e atrair endinheirados
Primeira marca de cartões de crédito a chegar ao Brasil, em 1956, a Diners sentiu o peso da idade. Enquanto o mercado local se expande aceleradamente e chega a uma base de 125 milhões de cartões de crédito, a bandeira americana, voltada para a alta renda, tem hoje apenas 450 mil plásticos emitidos no país. Preocupada com o espaço perdido, a empresa concluiu que precisava rejuvenescer a marca.
A saída encontrada foi lançar um cartão vertical - em oposição ao tradicional formato horizontal. "É algo muito contemporâneo", diz Rajive Chadha, presidente mundial da Diners Club International, que passou por São Paulo na semana passada para conhecer as operações locais. Segundo Chadha, o Brasil é o primeiro país em que a estratégia de revitalização do cartão e da marca foi adotada. No mundo, a Diners tem 6,5 milhões de plásticos.
Como parte dos esforços para conquistar espaço em um mercado crescente, a empresa também resolveu trazer para o país a Discover, uma das maiores bandeiras americanas, com 57 milhões de plásticos emitidos. Os brasileiros, por enquanto, não poderão ter um cartão Discover, mas os estrangeiros que visitarem o país poderão usar os seus.
Os cartões Diners são emitidos no Brasil exclusivamente pelo Citibank. A meta agora é aumentar a base e explorar as "significativas" oportunidades do mercado brasileiro de cartões para crescer "agressivamente", diz Chadha.
A Diners quer que esse novo cartão vá aos poucos substituindo o plástico tradicional. A bandeira, porém, nem pensa em se distanciar do público de alta renda e quer se mostrar cada vez mais como uma especialista no segmento. Acha que tem espaço para crescer no nicho, que foi um pouco "negligenciado" por outras bandeiras à medida que os cartões começaram a se expandir para as classes de baixa renda. Por isso, além de trabalhar com a base de clientes do Citi, que atende a esse perfil, quer também atrair pessoas de fora do banco.
No Brasil, quem cuidava da bandeira desde 1995 era a Credicard. Na época, vários bancos emitiam a marca. Com a cisão da Credicard entre Itaú e Citi, após a saída do Unibanco do capital da empresa, o banco americano ficou, a partir de 2007, com o direito exclusivo de emitir a bandeira.
Nos Estados Unidos, a Diners foi vendida pelo Citibank em abril de 2008 para a Discover, uma das maiores bandeiras do mundo. A operação movimentou US$ 165 milhões por conta da necessidade do banco americano de conseguir recursos em meio à crise. Já a Discover queria ganhar força para competir com as gigantes Visa, MasterCard e a American Express.
Os 57 milhões de cartões da Discover emitidos nos EUA movimentam mais de US$ 120 bilhões ao ano. Esses plásticos só são emitidos no mercado americano e, por enquanto, não há planos de emitir essa marca no Brasil. A Diners fechou um acordo com a Redecard, que tem uma rede de 1,2 milhão de estabelecimentos cadastrados. A Diners usa essa rede e, a partir de dezembro, os plásticos da Discover serão aceitos.
Rajive Chadha elogia o movimento em curso no Brasil para estimular a concorrência no setor de cartões. "Em geral, esse tipo de mudança é positivo. Promover competição é sempre bom, especialmente para o consumidor." Nos EUA, por exemplo, a Diners vai começar a usar as empresas que trabalham no credenciamento para a Discover, que são várias e incluem nomes como FirstData, Global Paymentns e a TSYS. Esta última acaba de chegar ao Brasil.
O mercado americano, diz o indiano, ainda sente os efeitos da crise. As vendas com cartões caíram. Mesmo a Diners, que trabalha com a alta renda, foi afetada. Segundo ele, gastos com entretenimento e viagens caíram.
Por aqui, o novo cartão foi batizado de Exclusive e traz a marca nas extremidades do plástico, que é todo na cor preta, e é voltado para quem tem renda mensal superior a R$ 3 mil. O cartão tem incentivos adicionais aos normalmente oferecidos aos clientes por cartões mais sofisticados e até pela própria Diners. Um deles é o transporte gratuito do aeroporto de Guarulhos ou Congonhas, em São Paulo, para alguns hotéis da capital. Esse e outros afagos, no entanto, não vêm de graça. A anuidade cobrada é de R$ 249.
Veículo: Valor Econômico