O percentual de perdas de 2,36% do varejo supermercadista brasileiro mostra que para manter ou ampliar seus lucros as empresas ainda atravessam muitos sinais amarelos
A ABRAS apresentou durante o Supermeeting Perdas e Lucratividade, realizado em São Paulo no dia 20 de agosto de 2009, a 9ª Pesquisa de Avaliação de Perdas no Varejo Brasileiro. Para falar sobre Perdas em Supermercados, o gestor técnico e de relações com associações estaduais da ABRAS, Aguinaldo Gomes Marques, analisou a pesquisa feita no ano passado pela ABRAS em parceria com o GPP/Provar-FIA, Felisoni & Associados e Nielsen.
A pesquisa mostrou que o percentual de perdas chegou a 2,36% do faturamento de R$ 158,5 bilhões do varejo de autosserviço. Isso significa dizer que R$ 3,75 bilhões deixaram de ser distribuídos na última linha do balanço das empresas do setor e se perderam numa série de situações de risco que mostram deficiências operacionais e falhas de controle em toda a cadeia de abastecimento, desde o produtor/fabricante até chegar ao consumidor final.
As principais causas dessas perdas continuam sendo as quebras operacionais (46%), seguidas pelos furtos externos e internos (35,5%).
Quando as perdas e quebras são analisadas por seções, o setor de perecíveis das lojas brasileiras (açougue, frios e laticínios, FLV, padaria e outros) encabeça a lista, respondendo por 54,4% das perdas no autosserviço. No comparativo com a pesquisa anterior, porém, apresentou redução de tímidos 0,04% do índice de perda, de 4,48 para 4,44.
A pesquisa tomou por base 28 empresas de todas as regiões do País, que representaram 1,193 mil lojas, 174,293 mil colaboradores; área de vendas de 3,417 milhões de metros quadrados, 25 mil check-outs e 67 Centros de Distribuição. O faturamento dessas empresas é equivalente a 46,8% do faturamento bruto das empresas que integram o Ranking ABRAS 2009.
Do universo das empresas pesquisadas, 25% não têm área de prevenção de perdas. Nesse quesito, houve substancial aumento das que passaram a controlar mais as perdas e analisar as causas que as provocam.
Essa questão passou a ser tratada com mais foco por empresas de pequeno porte, que, pelos volumes que comercializam, tendem a ser mais penalizadas quando aumenta o descompasso entre lucros e perdas.
Sobre as formas de pagamento, processos de controle e segurança ajudaram a mapear as perdas num nível de realidade bem mais próximo do setor.
O gerente da ABRAS, Aguinaldo Marques, explicou que o aumento nos percentuais de perdas deste estudo se deve ao maior número de empresas que passaram a adotar medidas de controle mais eficazes, o que fez suas falhas aparecerem e, naturalmente, elevarem os percentuais do indicador.
No ano passado, os indicadores de perdas apresentaram alterações muito significativas, comparados com os da pesquisa anterior.
Identificar a causa ou causas das perdas é o primeiro passo para reduzir prejuízos e criar rotinas para melhorar a lucratividade das lojas. Nesta pesquisa, porém, 46,1% das perdas foram identificadas e 53,9% não foram identificadas. Na pesquisa anterior, o percentual de perdas identificadas foi maior: 47,5%.
Somente no setor de perecíveis, onde está o mais elevado percentual de perdas dos supermercados, 54%, a pesquisa mostrou que desse total 28,6% foram identificadas e 25,8%, não foram identificadas.
No setor de não-perecíveis, responsável por 46% do total de perdas, 17,4% foram identificadas e 28,2%, não identificadas.
A considerar que a concorrência no varejo está cada vez mais acirrada e as margens cada vez menores, a maioria das empresas do setor passou a investir mais em prevenção de perdas. No ano passado, 81% delas declararam estar investindo em prevenção, 17% disseram que mantiveram seus investimentos estáveis e 1% não investiu nessa área.
Para prevenir perdas, as empresas se valem de investimentos não só em equipamentos de segurança, mas também, e principalmente, em treinamento de mão-de-obra.
Os principais controles de processos são feitos nas seguintes áreas:
Transferências 91,50
Mudança de preço 91,30
Controle de anulados/cancelados 91,30
Controle de recebimentos 91,30
Auditoria pós-operação 87,20
Check-out nos equipamentos da loja 87,00
Quebras e furtos (internos e externos) continuam sendo as maiores causas de perdas no varejo
O aumento do índice de perdas no varejo (IPV) para 2,36%
Redução do índice de perecíveis para 4,44%
Perdas financeiras representam 0,083% do faturamento das empresas e as fraudes com cheques, 0,042%
Os perecíveis são responsáveis por 54,4% das perdas totais
O percentual de perdas não identificadas subiu de 52% para 54%
Prevenção de perdas recebeu investimentos de 80,4% das empresas entrevistadas
Do total de empresas pesquisadas, 25,5% não têm área de prevenção de perdas
Pessoal corresponde a mais de 79% dos orçamentos em Prevenção de Perdas, e equipamentos, 7%
CFTV é o equipamento mais utilizado pela área de prevenção de perdas das empresas
Os produtos PAR (de alto risco) são tratados de forma diferenciada por 90,2% das empresas
Como os Produtos de Alto Risco (PAR) são alvo fácil de furtos nas lojas, as principais ações adotadas pelas empresas que integraram a pesquisa são:
Conferência 90,50
Áreas de confinamento 88,90
Exposição controlada 88,90
Inventários frequentes 81,80
Os programas de treinamento das empresas têm as seguintes prioridades
Treinamento 83,30
Recrutamento e seleção 77,10
Software 53,50
Remuneração variável 52,20
Comunicação em prevenção de perdas 51,50
Atualizado em 20 de Agosto de 2009.