Percentual de perdas supera margem líquida do varejo
O supermeeting Perdas e Lucratividade 2010 foi aberto com os dados da 10ª Avaliação de Perdas do Varejo Brasileiro, estudo realizado pela Abras, Grupo de Prevenção de Perdas (GPP) do Programa de Varejo (Provar) da FIA (Fundação Instituto de Administração), Felisoni e Associados e Nielsen Brasil, apresentado pelo gestor técnico de relações com associações estaduais da Abras, Aguinaldo Gomes Marques. Com amostra de 48 empresas, que representam 35% da receita operacional bruta do Ranking Abras, equivalente a R$ 60,8 bilhões, a pesquisa detectou que no ano passado as perdas no varejo brasileiro chegaram a 2,33%, percentual ainda superior ao da média do lucro líquido do setor supermercadista, que foi de 2,12% no mesmo período. Esse índice foi apenas 0,03 ponto percentual (p.p) menor do que o registrado em 2008, porém 0,36 p.p. acima de 2006, quando as perdas representaram 1,97% do faturamento do setor (veja quadro).
Marques destacou que nesta edição, que das 48 empresas participantes da pesquisa, 39 informaram seus dados em valores em reais (R$) e 21 participaram da pesquisa anterior, sendo que neste grupo de mesmas empresas houve aumento de 0,14 ponto percentual no indicador de perdas totais.
Com relação à identificação das perdas, 48,7% delas foram classificadas como identificadas, o que significa 2,6 pontos percentuais a mais do que em 2006, e 51,3% como não-identificadas.
As não-identificadas se referem a toda mercadoria perdida sem causa conhecida, cuja falta é constatada no momento de um inventário físico. Elas são geradas principalmente por furtos internos e externos, erros dos fornecedores, falhas nos registros, etc.
Agora, perdas identificadas se referem a mercadorias registradas no controle de estoque e consideradas perdidas para venda (quebradas, vencidas ou estragadas), com o conteúdo furtado de embalagens, danificado ou degustado sem autorização, produtos incompletos ou com prazo de validade extinto e produtos sem condições de serem repostos pelos fornecedores.
Especificamente na área de perecíveis, a pesquisa detectou que as perdas nas mesmas empresas respondentes (base 21 empresas) giraram em torno de 4,07%, o equivalente a 0,37 p.p a menos se comparado à pesquisa do ano anterior. No geral, os perecíveis representam 31% das perdas totais.
Vale detalhar que para 37% das empresas o percentual de perdas em perecíveis foi menor de um ano para outro, já para 24% foi igual e para 39%, maior.
Outros indicadores também foram analisados conforme feito na pesquisa anterior, referentes a perdas associadas a trocas, micos de vendas e doações e ainda a perdas referentes a diferenças de caixa, fraudes com cartões de crédito e fraudes com cheques.
“No entanto, os furtos internos e externos, erros administrativos, quebra operacional, de fornecedores e outros representam 78,9% das perdas do varejo brasileiro. Mesmo diante desse percentual, 22,9% das empresas que fizeram parte da pesquisa ainda não têm área específica para prevenir perdas. Perdas são como fantasmas, que podem aparecer mais vezes ou menos vezes nas empresas e só vão diminuir com o desenvolvimento de ações para combatê-las e reduzi-las com processos, pessoas e tecnologia”, complementou Aguinaldo Marques.
Outro ponto importante da pesquisa mostra que as ações das empresas para evitar perdas estão baseadas justamente nas citadas por Aguinaldo Marques e estão divididas da seguinte forma:
60% em processos,
30% em pessoas
10% em tecnologia.
Segundo o gestor da Abras, o ponto de partida de um programa de prevenção de perdas é a apuração do valor de quanto a empresa está perdendo, para que esta possa alcançar uma operação mais eficiente e com maior rentabilidade.
Já a prevenção de perdas tem início na mensuração das mesmas, a partir da realização de inventários periódicos e na apuração de indicadores. A definição de ações preventivas requer a identificação das causas das perdas e a avaliação do custo e do benefício das necessidades de investimento estimadas.
A partir da resposta de executivos da área de prevenção de perdas são levantados os valores das perdas e dos investimentos efetuados para minimizá-las. “Por isso é importante ter uma área específica de prevenção de perdas”, aconselha.
Mesmo adotando processos e com uma gestão eficiente de pessoas, em um determinado momento a prevenção requer investimentos. A avaliação deste ano detectou que 69,6% das empresas investiram da seguinte maneira:
50% em salários
25% em terceirizados
14% em equipamentos
11% em serviços terceirizados, sendo parte em consultoria
Agora, uma das principais dificuldades para detectar mais falhas em processos de prevenção de perdas é convencer o pequeno e médio varejista a participar da pesquisa Abras/Provar/Nielsen.
Atualizado em 20 de Agosto de 2010.