A AmBev, maior fabricante de cerveja da América Latina, está otimista com 2010 por causa da aceleração do crescimento da economia brasileira e da Copa do Mundo de Futebol, que acontecerá em junho e julho na África do Sul. "A Copa do Mundo nos permite ter um mês de verão em pleno inverno, pois as vendas crescem", disse o diretor-financeiro da companhia, Nelson Jamel, referindo-se ao consumo dos torcedores enquanto assistem à transmissão das partidas.
"A Copa sempre tem um efeito positivo para o nosso setor, especialmente quando o Brasil chega à final", acrescentou o executivo. As vendas de cervejas no Brasil normalmente são maiores entre setembro e março, os meses mais quentes do ano, que no inverno.
A rapidez com que o Brasil se recuperou da crise financeira mundial e o aumento da renda disponível também contribuirão para aumentar as vendas de cervejas e refrigerantes, disse ele. Jamel, que se tornou diretor-financeiro da unidade brasileira da Anheuser-Busch InBev em fevereiro, disse que o único risco que ele vê para o próximo ano é a possibilidade de o governo brasileiro aumentar os impostos sobre as bebidas. Por enquanto, a AmBev pretende subir os preços de acordo com a inflação no ano que vem, afirmou ele.
A ação da AmBev (PN) acumulou até 18 de dezembro uma valorização de 66% no ano, ficando atrás da alta do índice Bovespa, que foi de 80%. A companhia está sendo negociada a 20 vezes os lucros dos últimos 12 meses, em linha com o índice. Os papéis PN da cervejaria caíram 2,6% ontem, para R$ 163,62.
A companhia continua de olho em oportunidades de aquisição e está concentrada na América Latina, segundo Jamel. Ele disse que a empresa não tem alvos concretos de compra no momento. Em março, a AmBev pagou US$ 27 milhões pela Bebidas y Aguas Gaseosas Ooccidente, engarrafadora da PepsiCo na Bolívia.
"Estamos sempre de olho em mercados importantes da América Latina e eventualmente poderemos discutir uma aquisição", disse Jamel. "Se pensarmos na América Latina, o México é um dos poucos mercados importantes em que não estamos. Não há um plano específico para o México, mas estamos sempre analisando."
Analistas de mercado afirmam que a AB InBev poderá tentar comprar os 50% que ainda não possui no Grupo Modelo, fabricante da cerveja Corona no México. A InBev ganhou a participação no Grupo Modelo depois de adquirir a Anheuser-Busch dos Estados Unidos em novembro de 2008.
Por sua vez, a AmBev poderia usar sua posição de caixa "significativa" para comprar o Grupo Modelo de sua controladora, diz Anal Cardoso, analista da Ágora Corretora do Rio de Janeiro. A companhia deverá decidir se usa o caixa para comprar o Grupo Modelo, ou se retoma um plano de recompra de ações que ela interrompeu depois que a InBev comprou a Anheuser-Busch, afirma Cardoso.
"Faria todo sentido para a InBev comprar a Modelo e passá-la para a AmBev", diz Cardoso. "Eles precisam tomar uma decisão sobre a Modelo antes de decidirem sobre o programa de recompra, porque esse dinheiro poderá ser usado para comprar a Modelo via InBev, ou para recomeçar o programa de recompra."
Jamel disse que os acionistas controladores do Grupo Modelo não declararam interesse em vender a companhia. Sobre o processo de recompra de ações, o executivo disse que não há "nada que possa impedir" que a empresa retome o programa em 2010.
A cervejaria está ampliando seus investimentos. No mês passado, anunciou que vai investir de R$ 1,3 bilhão a R$ 1,5 bilhão no Brasil, para aumentar sua capacidade produtiva. Os novos recursos representam uma alta de 30% a 50% frente aos valores anteriormente previstos.
Veículo: Valor Econômico