Falta chope em bares e AmBev prevê expansão em 2010

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Mal o copo esvazia, lá vem o garçom com outro, cheio de chope até a borda. A cena, que acontece mesmo que o cliente não queira beber mais, é típica de algumas choperias, principalmente em São Paulo. Mas o costume - às vezes bem-vindo, às vezes irritante - está se tornando raro. O motivo? Falta chope em vários bares do país, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). "A situação é mais grave em São Paulo e em Minas Gerais", diz Paulo Solmucci, presidente da entidade.

 

O problema, segundo ele, se concentra na distribuição da AmBev, dona de 70% do mercado de cerveja e chope no país, segundo pesquisa da Nielsen de novembro. "Os bares fazem os pedidos e a empresa não entrega. Ou manda para o bar metade do volume", explica Solmucci.

 

"Na madrugada de sexta-feira passada já começou a faltar e só conseguimos que a AmBev normalizasse a entrega no almoço de domingo", conta um gerente de bar de São Paulo, que preferiu não se identificar.

 

A falha na distribuição - que também já está atingindo o fornecimento de cerveja em garrafa, segundo a Abrasel - tem três motivos básicos. O primeiro é claro: o aumento do consumo. Com o calor e o aumento de renda da população, os bares estão vendendo mais. "Aqui o movimento está 10% melhor do que no final do ano passado", diz Cássio Piccolo, um dos proprietários do bar especializado em cervejas importadas Frangó, na zona Norte de São Paulo. Segundo a Abrasel, os bares de todo país estão fechando o segundo semestre do ano com um aumento no faturamento médio de 8%. E terminarão 2009 com faturamento de R$ 62 bilhões, 5% mais que em 2008.

 

Diante da demanda aquecida, muitos donos de bar anteciparam as compras, fazendo pedidos maiores à AmBev, o que gerou um pico de entregas ainda maior. Por último, há o gargalo logístico, que é pior em São Paulo, onde além do trânsito ruim, há restrição de horários para circulação de caminhões.

 

"Todo final de ano é assim, embora desta vez esteja sendo um pouco pior", desabafa o dono de um bar de Belo Horizonte, que pediu anonimato. "O fato é que a AmBev calcula o custo de atender 100% do pico de demanda ou só parte dele. Para eles sai mais barato não entregar tudo."

 

A AmBev admite o problema, embora faça a ressalva de que as falhas se restringem a São Paulo. Por meio de um comunicado, a companhia informou que "em função do aumento da demanda e da complexidade logística de São Paulo (...), houve complicações pontuais na entrega de chope em períodos de maior consumo." A empresa não informou o quanto está usando de sua capacidade instalada para a produção de cerveja.

 

Mas acrescentou que em 2010 irá investir até R$ 1,5 bilhão para ampliar a produção e a capacidade de distribuição e atender ao crescimento da demanda. "Isso vai ser preciso mesmo", diz o consultor especialista no mercado de bebidas, Adalberto Viviani. "Com mais dinheiro, as pessoas estão comprando mais e o giro da cerveja nos pontos de venda tende a se acelerar. Isso pode dar um nó na logística de distribuição de todas as cervejarias", afirma.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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