Para quem torce o nariz para cerveja de mandioca, a Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto (SP), tem uma notícia surpreendente: a bebida feita com o tubérculo é a segunda mais vendida da empresa, especializada em cervejas "gourmet" e única a produzir no país, em escala industrial, a "loira gelada" versão aipim.
"Lançamos a Colorado Cauim, feita com fécula de mandioca, no final de 2007 e ela só perde em vendas para a Colorado Appia, tipo Weiss (feita de trigo) e acrescida de mel", diz Marcelo Carneiro da Rocha, fundador da cervejaria, que nasceu de um bar na cidade paulista. "As cervejas Weiss estão na moda. As pessoas pedem a Colorado Appia mas depois querem experimentar algo diferente, escolhem a de mandioca e gostam muito".
A Cauim, assim como todas as cervejas, explica Rocha, também leva cevada. "A cevada é a base de qualquer cerveja, seja ela de mandioca, trigo ou arroz."
A fécula de mandioca, explica Rodrigo Nikima, gerente de marketing da Colorado, é rica em nutrientes que, durante a fermentação da cerveja, resultam em álcool. O resultado é uma bebida mais leve, com teor alcoólico de 4,0 % - a Skol Pilsen, a cerveja mais vendida no país, tem, por exemplo, 4,7% de teor alcoólico.
"Sem dúvida a mandioca serve como fator de diminuição de custos na fabricação da bebida para indústrias que produzem em larga escala", comenta o executivo. "Não é bem o nosso caso porque nossas cervejas são especiais. Quando a fórmula da Cauim foi desenvolvida, a ideia era usar um ingrediente bem brasileiro", afirma.
Mesmo assim, dentre os quatro tipo de cervejas que a empresa produz, as versões de mandioca e Weiss custam em média R$ 8 a garrafa de 600 ml - menos que a Indica (com rapadura) e a Demoiselle (com café), que saem por R$ 13. A Colorado fechou 2009 com faturamento de R$ 3,4 milhões e 370 mil litros vendidos, resultado 30% superior ao de 2008. A expectativa é crescer mais 30% em 2010. (LC)
Veículo: Valor Econômico