Talvez o mundo não queira perceber que está apenas bebendo água com açúcar. A Coca-Cola está vendendo sua fórmula efervescente negra há mais de 100 anos, mas continua encontrando maneiras de conquistar as gargantas de mais e mais consumidores. Ontem, a empresa reportou fortes resultados para o quarto trimestre, baseados em nova rodada de expansão do volume consumido mundialmente. E embora a visão para 2020 estabelecida pela companhia no segundo semestre do ano passado tenha mais um caráter aspiracional - a Coca-Cola quer dobrar o número de bebidas servidas para mais de 3 bilhões por dia na próxima década -, no atual ritmo isso não parece impossível.
Naturalmente, os emergentes são os candidatos mais potenciais. O volume de caixas de refrigerantes vendidas na regiões do Pacífico cresceu 11% sobre 2008 e 7% na América Latina. Índia e China foram os países com mais rápido consumo. Combinados com o México e o Brasil, os primeiros contribuíram com um volume adicional equivalente a uma Alemanha, sexto maior mercado da Coca-Cola. E como a Coca-Cola alcança apenas 6 milhões de consumidores na China, o potencial de expansão permanece intacto.
Mas é preciso fazer crescer os lucros. A Coca-Cola é um sistema de empresas interligadas, em que ela é dona de fatias em engarrafadoras independentes. O que parece promissor, sob o CEO Muhtar Kent, que trabalhava no setor de engarrafamento, é que os acordos de longo prazo com engarrafadoras, no que diz respeito a suas responsabilidades e participação nos lucros, deve criar maiores incentivos para ampliar os retornos.
Margens para melhorias persistem. A Coca-Cola poderia reduzir sua fatia no capital de engarrafadoras que registram melhorias (a Coca-Cola Femsa, por exemplo) para levantar fundos para investir. Ainda não está claro por que cervejas não poderiam fazer parte do sistema, administradas como uma categoria à parte, como sucos de frutas ou bebidas esportivas. Independentemente disso, porém, a companhia está a todo gás.
Veículo: Valor Econômico