Bares chegam a vender até 16 mil litros de chope no mês; ranking é do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja com dados de 2008
"Com esse calor, só um chope para aliviar", diz o engenheiro Sérgio Bourguignon, 44, enquanto saboreia a bebida em um bar da zona sul do Rio.
Os números confirmam que, mesmo antes do verão em que a sensação térmica de 50ºC tornou-se comum, os cariocas já lideravam com folga o consumo da bebida.
O Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja confirma que no Rio é onde se bebe mais chope no Brasil: cada morador do Estado bebe por ano 105,5 litros de cerveja ou chope.
No Estado de São Paulo, o consumo anual per capita é de 68 litros -isso corresponde à quarta maior marca, atrás de Tocantins (90 litros por pessoa) e Mato Grosso do Sul (71,9 litros). Os dados se referem a 2008 -depois, a divulgação do volume de vendas foi restrita.
"No Rio, o clima é de praia, o pessoal vai ao bar de bermuda e chinelo e não dá para tomar vinho ou uísque. É impossível ficar sem chope", diz o estudante Eduardo Ferreira, 23, enquanto entorna a quinta caneca.
A turismóloga gaúcha Mariana Nery, 28, confirma a influência do clima carioca.
"Quando morava no Sul, raramente tomava chope. Preferia vinho, mas só tomava de vez em quando", diz.
"Desde que vim para o Rio, tomo chope pelo menos três vezes por semana", calcula Nery, afirmando que hoje bebe mais do que antes de se mudar para a capital fluminense.
Aumento no consumo
Famoso pelo bolinho de bacalhau, o Bracarense, no Leblon (zona sul), informa que vende 16 mil litros de chope por mês, em média.
O Belmonte, no Flamengo, um bar de menos de 100 m2 também na zona sul e sempre lotado, chega perto: vende 15 mil litros ao mês, segundo o proprietário, Antônio Rodrigues. Os seis bares da rede comercializam 55 mil litros da bebida por mês.
"Quando comprei o bar, em 2000, vendia 2.000 litros de chope por mês. Em 10 anos, aumentei para 15 mil litros e abri cinco unidades", diz Rodrigues.
Segundo o proprietário da rede, os paulistas são melhores clientes por serem mais educados e gastarem mais.
"O carioca acha que tem mais intimidade com o garçom e às vezes perde o respeito. O paulista tem mais educação considera o Rio barato, porque em São Paulo as coisas são mais caras", argumenta. "Um chope que lá custa R$ 5,50 sai por R$ 4 aqui", exemplifica.
A maioria dos clientes é mulher, de acordo com Rodrigues. E a presença feminina é decisiva para atrair o público masculino. "Ninguém vem ao bar para olhar a parede, né?"
Contrariando o hábito carioca de tomar chope sem colarinho, o dono do Belmonte decreta: "Nos meus bares, chope tem dois ou três dedos de colarinho. E todo mundo aprova, porque o colarinho garante melhor sabor à bebida. Chope sem colarinho é só em bar onde o garçom não sabe servir."
Veículo: Folha de S.Paulo