As altas temperaturas não animam apenas a população, mas também deixam os donos de distribuidoras de água engarrafada rindo à toa. Entre janeiro e fevereiro algumas das empresas que atuam na região contabilizam alta nas vendas de até 50%. Segundo a Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral), no Estado de São Paulo, o consumo da bebida está 10% maior do que no ano passado.
A distribuidora Diságua, localizada em Santo André, está comercializando cerca de 60 mil galões de 20 litros por mês em todo o Grande ABC e em alguns bairros da Capital. Segundo o assistente administrativo André Luis Correa, o volume de vendas aumentou cerca de 50%."Entregamos por volta de 2.000 vasilhames todos os dias, sendo que o de 20 litros é o mais consumido nas residências", diz. As empresas costumam solicitar mais garrafas de 1,5 litro e de dez litros.
Os carros e motos da Tele Água, de Mauá, praticamente não param durante o dia. O estabelecimento distribuiu a média de 60 mil litros de água mineral em janeiro. E, ao que tudo indica, segundo o sócio José Edinildo de Souza, o ritmo será mantido neste mês. "Até a primeira quinzena deste mês registramos alta de 45%", contabiliza.
Ele relata que a indústria está com a produção em dia, entretanto, em alguns momentos a distribuição falha por causa da grande quantidade de pedidos.
SAZONALIDADE - De acordo com Cesar Orlandi Filho, sócio-proprietário da Água Azul ABC, de São Bernardo, a comercialização fica aquecida entre outubro e março. "Ao contrário do que muitos pensam o consumo não cai no inverno, apenas estabiliza", explica.
Orlandi Filho endossa que este, por enquanto, é um ano atípico e, devido às altas temperaturas, o desempenho da empresa está 30% superior em comparação ao mesmo período de 2009.
Diferentemente das demais distribuidoras ouvidas pelo Diário, o forte da Água Azul são os pacotes com garrafas de 500 ml até seis litros. Seus principais clientes são comerciantes, bancos, hospitais e faculdades. Para o consumidor final a maior saída é de água mineral em galão com 20 litros.
Demanda por água cresce até 80% em supermercado
Os supermercadistas, responsáveis por fatia importante na comercialização de água engarrafada, registram recordes na saída do produto. As 30 unidades da Coop (Cooperativa de Consumo) tiveram crescimento de 80% na primeira quinzena deste mês em relação a igual período do ano passado.
A gerente de produtos de mercearia líquida, Márcia Nicola, diz que em janeiro a alta foi de 44%. "Não temos onda de calor como esta há muito tempo. Mantemos sempre quantidade a mais do produto para atender à forte demanda", garante.
A embalagem mais vendida na rede é a de 1,5 litro e, ao contrário do que ocorre nas distribuidoras, o preço não sofrerá alteração. A lojas de São Vicente, na Baixada Santista, por exemplo, estão sendo abastecidas diretamente pelas fabricantes por causa da venda acentuada.
O Grupo Pão de Açúcar contabilizou faturamento 45% maior em janeiro com a venda da bebida. Nas unidades do Walmart, o aumento atingiu 30% de incremento no mesmo mês no País. Já no Carrefour, o setor de bebidas como água, refrigerante e cerveja teve aumento de neste Carnaval frente a 2009.
PANORAMA - Nunca se vendeu tanta água engarrafada. Para se ter ideia, a média de consumo saltou 45% nos últimos meses. Segundo o presidente da Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral), Carlos Alberto Lancia, a indústria se preparou para atender a demanda duas vezes maior do que a procura comum."O abastecimento está garantido e as empresas investiram pesado nos últimos anos para garantir operação plena", afirma Lancia.
O executivo salienta que em algumas regiões as vendas mais que dobraram por causa da temperatura, que em alguns casos, ficou acima dos 40ºC. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul dobraram o consumo, enquanto que no Nordeste o incremento atingiu a marca de 30%.
Preço do garrafão deverá sofrer reajuste em março
Algumas distribuidoras do Grande ABC sinalizam que em março o preço do garrafão de 20 litros aumentará cerca de 20%. O reajuste não será ocasionado pela demanda do produto, mas pelos custos na operação.
Sediadas em Mauá, as distribuidoras Tele Água, Matriz e Simone Águas são algumas das que vão reajustar os preços. O sócio da Tele Água, José Edinildo de Souza, justifica que a nova lei que determina a troca dos garrafões de água está impactando nos negócios.
"Trocamos os vasilhames com mais de três anos de fabricação em setembro, mas não repassamos os custos aos clientes", garante Souza. Ele acrescenta que o aumento no preço do combustível também está colaborando para que a empresa opere com margem de lucro reduzida.
De acordo com Souza, no ano passado foi investido cerca de R$ 8.000 para a troca de 1.000 galões, por isso é preciso fazer o repasse deste custo extra para o cliente.
Em Santo André, a situação não é diferente. André Luis Correa, funcionário da administração da Diságua, relata que "algumas distribuidoras do município discutem aumento do produto". A média dos valores cobrados pelos garrafões de 20 litros nas empresas ouvidas pelo Diário é de R$ 6.
O sócio-proprietário da Água Azul ABC, Cesar Orlandi Filho, de São Bernardo, conta que sua distribuidora não reajustará os preços. "Fizemos a troca de 800 recipientes em setembro do ano passado, por isso estamos tranquilos até 2012." O reflexo na troca ocasionou aumento de 20% nos valores das bebida, que agora custa entre R$ 6 e R$ 7.
Veículo: Diário do Grande ABC - SP