A indústria chilena de vinhos sofreu um sério abalo com o terremoto do último dia 27 de fevereiro. Os produtores chilenos divulgaram perdas de 125 milhões de garrafas no valor de US$ 250 milhões (média de US$ 2 por unidade), cerca de 12% da produção. "Estamos todos muito sentidos", declarou Marcelo Toledo, presidente da Miolo Wine Group, o conglomerado que reúne as vinícolas Miolo, Almadén, Fortaleza do Seival, Lovara e Ouro Verde. Ele completou: "Nós temos uma joint venture no Chile, com a marca Costa Pacífico, que não foi abalada, mas amigos de nossos amigos sofreram com a tragédia. É uma catástrofe humana e econômica", solidarizou-se Toledo. O executivo contabilizou a importância dos produtores chilenos no Brasil: "Eles atendem nosso mercado com 22 milhões de garrafas por ano, ou cerca de 40% de participação num mercado de vinhos finos, infelizmente com 72% de vinhos importados, só 28% é nacional". O executivo não acredita que vá faltar o produto de qualidade na mesa do consumidor: "Em 2009, pela primeira vez em muitos anos, o vinho nacional cresceu 6% superando o importado, que avançou 2%. Hoje o produto nacional já tem qualidade superior, salvo exceções que são muito caras para o bolso do brasileiro, comparadas com garrafas de baixo custo, chilenas e argentinas, um vinho escorrido de US$ 0,60 a garrafa, preço exportação", referindo-se à maioria dos produtos importados. "Nenhum consumidor vai ficar sem o nosso vinho. Investimos para crescer 16% em 2010, mas se o mercado crescer 30 a 40% temos capacidade de atender", garantiu o executivo, e acrescentou: "Compramos a Almadén, não cito o valor da aquisição, mas foi muito caro, e estamos investindo na educação do consumidor, mostrando ao cliente, com testes de experimentação, que o nosso vinho é melhor do que o importado. Dessa forma, nosso faturamento cresceu 25% em 2009, 17% em vinhos finos e 37% em espumantes".
A centenária Salton, que reúne 600 fornecedores de uva no Rio Grande do Sul e produz 24 milhões de garrafas, também relatou crescimento e investimentos: "O vinho nacional voltou a ser um produto do gosto do brasileiro. Crescemos 20% em 2009 e esperamos crescer o mesmo em 2010. No momento estamos adquirindo US$ 5 milhões em equipamentos, de França, Itália e Alemanha, para nossa segunda linha de engarrafamento de vinhos espumantes", disse o diretor comercial da Salton, Wagner Ribeiro.
O diretor-geral da Cooperativa Vinícola Aurora, Alem Guerra, informou que sua associação, que congrega mais de 1.100 associados, está confiante: "Estamos investindo R$ 7 milhões em equipamentos e engarrafadoras: isso vai elevar nossa produção de espumante de 1,8 milhões de litros para 2,2 milhões, e vai ampliar a produção de vinhos finos, de 5,2 milhões de litros para 6,3 milhões". Guerra informou que não há problemas de estoque no mercado brasileiro: "Na verdade, ainda há uma demanda reprimida: cerca de 40 milhões de litros estão estocados". Segundo o diretor, a Aurora cresceu 30% em 2009, faturando R$ 202 milhões para uma produção de 38 milhões de litros de vinho, espumante e suco.
A diretora comercial da Casa Valduga, Juciane Casagrande, diz que a quebra momentânea das vinícolas chilenas não vai mexer com o mercado brasileiro, e que confia no crescimento.
"Os importadores estão estocados, assim como nós, temos 1,5 milhão de garrafas no estoque, muitas da safra de 2006. Mas nosso plano é crescer 20% em 2010, afinal crescemos 34% no ano passado." Ela assegura os investimentos: "Tivemos bons resultados, o que nos estimula a continuar a investir em vinhedos e numa nova linha de envase, no aumento dos tanques e das barricas de carvalho", explicou a executiva Juciane Casagrande.
O produtor Celso Valduga, da Vinícola Dom Cândido, fala em saltar 50% em volume: "Desenvolvemos um sistema nos parreirais que permite melhor qualidade das uvas, e na produção investimos recentemente para processar 1,5 milhão de unidades: de 200 mil para 300 mil caixas".
Veículo: DCI