Cachaça fina, que desce macia e suave

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Edição Única 2008 é a mais nova cachaça artesanal elaborada na Fazenda São José do Mato Seco, em Mococa (SP), por Guto e Veva Quintella, criadores da marca Cachaça da Tulha. Feita a partir de um blend exclusivo, tem tiragem limitada de 3 mil garrafas, e foi preparada por quatro especialistas convidados: Belarmino Iglesias (proprietário do Grupo Rubaiyat), Carlos Cabral (consultor de vinhos do Pão de Açúcar), Pereira (barman do Astor) e Maurício Maia (autor do site O Cachacier).

 

Supervisionados por Erwin Weimann, químico especializado em destilados, o quarteto chegou ao sabor após testar diversas combinações da bebida envelhecida em diferentes madeiras. "A receita escolhida tem graduação alcoólica de 41%. Tem 70% de cachaça-base, envelhecida três anos em carvalho europeu e seis meses em tonel de amburana", diz Guto Quintella. "Os 30% restantes foram envelhecidos em bálsamo (15%), jequitibá (10%) e em carvalho americano (5%)."

 

O resultado, conforme o cachacier Maurício Maia, é uma bebida fina e delicada, que desce macia, sem queimar. A Edição Única 2008 tem rótulo desenhado por Carla Caffé, desenhista e diretora de arte de filmes como Central do Brasil e está sendo vendida por R$ 90 (garrafa de 750 ml) na rede Pão de Açúcar e na Casa Santa Luzia, empório gastronômico de São Paulo, e em bares especializados.

 

Guto Quintella, que lançou sua primeira edição no ano passado - 1700 garrafas, uma produção criada pelo sommelier Manoel Beato, pelo barman Derivan de Souza e por Maria José Miranda (do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça) - diz que, a cada safra, pretende chamar especialistas e personalidades ligadas à gastronomia para a criação de novos blends.

 

Para ele, a qualidade da sua bebida é resultado do solo fértil, do método de fermentação e do envelhecimento do produto em madeira, o que concede arredondamento à bebida. A combinação de fatores foi um aspecto essencial para a criação dos blends da marca de Guto e Veva Quintella, desde que o casal comprou a Fazenda São José do Mato Seco, em 2001.

 

"A tulha, antigamente usada para armazenar grãos de café, foi adaptada para alojar os tonéis de carvalho em que a bebida é envelhecida, dando origem ao nome ‘Cachaça da Tulha’", conta Guto Quintella. Em sua propriedade, que data do século XIX, é cultivada a cana-de-açúcar utilizada no preparo artesanal da bebida. "Tirada no corte manual, sem o uso de queimadas, adquire vida na fermentação com leveduras selecionadas e cresce na destilação", observa o produtor.

 

O cachacier Maurício Maia diz que a edição 2008 da Cachaça da Tulha é uma boa surpresa no mercado de artesanais, entre os 4 mil produtores nacionais da bebida. "Este lançamento pode ser colocado no mesmo patamar em que estão a Germana, a Cabana e a Havana - esta uma das mais míticas cachaças brasileiras, criada na década de 40 e transformada há alguns anos em patrimônio imaterial do Brasil", avalia o cachacier.

 

A Havana é feita no norte de Minas, em Salinas, cidade que apresenta 59 marcas registradas e que tem produção anual de 4,3 milhões de litros. Vendida por R$ 300, foi criada por Anísio Santiago nos moldes das primeiras cachaças feitas no País em 1530. "Depois que Santiago morreu, em dezembro de 2002, aos 90 anos, a marca foi gerenciada por Oswaldo Santiago, um de seus filhos, que deu continuidade à produção artesanal", conta Maurício Maia.

 

Ele aponta ainda a Cabana, produzida e engarrafada em Jaguariúna (SP), como um bom produto. É bi-destilada em alambiques de cobre, e armazenada em tonéis de jequitibá - o que deve deixá-la bem suave. No Brasil, por enquanto, é encontrada somente no Hotel Fasano.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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