Vinho ganha espaço na mesa do brasileiro

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No carrinho do supermercado, dois pacotes de macarrão, duas caixas de molho de tomate, um frango congelado e uma garrafa de vinho. Valor da conta: R$ 64,93. O detalhe é que a dona de casa Marta Munhoz, ao escolher os ingredientes do almoço de domingo, preferiu gastar mais com a bebida (R$ 36,27) do que com a comida (R$ 28,66).

 

O motivo? “É que depois que você começa a gostar de vinho, vai sempre querer mais qualidade. Não vai aceitar qualquer marca”, explica.

 

A boa aceitação da bebida entre o público feminino, a crescente busca por alimentos e bebidas mais saudáveis, a divulgação dos benefícios do produto e aumento de renda da população explicam porque o consumo de vinho tem aumentado no País.

 

De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a venda de rótulos nacionais cresceu 12% entre 2008 e 2009. Entre os importados, que respondem por 80% do mercado , o aumento foi de 4% .

 

“O avanço do setor ajuda a melhorar a qualidade dos produtos oferecidos no Brasil e também gera mais oportunidades de emprego na área”, afirma Júlio Fante, presidente do Ibravin. “O mercado conseguiu formar um portfólio que atende a todos os gostos e bolsos, mas ainda há muito que avançar.” Hoje, a média de consumo brasileira é de 2 litros anuais per capita – na França são 60 litros.

 

Exposição dá novo status ao vinho

 

Uma das ações que têm ajudado a popularizar o vinho nas mesas dos consumidores brasileiros é aproximá-lo do dia a dia das pessoas, melhorando a sua exposição e visibilidade nos pontos de venda.

 

“Expor o produto corretamente, em um ambiente que a pessoa já está acostumada a frequentar, com um vendedor disposto a ajudá-la a fazer a melhor escolha é uma forma de convidar os clientes a descobrirem e gostarem do vinho”, conta Ivan Gates, consultor técnico do Grupo Pão de Açúcar, a primeira empresa a colocar vendedores especializados para comercializarem a bebida.

 

Hoje a rede já conta com 140 vendedores especializados na bandeira Pão de Açúcar e mais 40 nas lojas do Extra. E deve abrir mais 25 vagas no ano que vem. Tudo porque nas lojas em que esses profissionais trabalham a venda de vinhos chega a crescer 20%.

 

O modelo deu tão certo que outras empresas copiaram – como o Sacolão Oba, especializado na venda de horti e fruti. Na loja do Butantã, onde hoje há uma adega de quase 600 rótulos, o consultor de vinhos Ricardo Custódio diz que a clientela não apenas aceitou bem a presença dos vinhos nas prateleiras mas passou a comprar com regularidade.

 

Ele explica que seu trabalho é identificar em que condições a pessoa vai consumir o vinho, qual é o seu gosto e quanto está disposta a pagar. De posse dessas informações, ele sugere uma marca. “A chance de a pessoa comprar alguma coisa de que não vai gostar é muito pequena. Por isso, ela prova e depois volta para comprar mais, porque deu certo.”

 

Por ajudarem os clientes a fazerem a escolha adequada e assim aumentarem as vendas de vinhos, consultores como Custódio têm se tornado objeto de desejo das empresas que comercializam a bebida – sejam elas lojas especializadas, supermercados, hotéis ou restaurantes. Por isso, a profissão de sommelier (consultor de vinhos que trabalha à mesa) está em alta.

 

“Todas as minhas turmas estão cheias e devemos abrir novos horários no próximo semestre”, afirma Artur Azevedo, diretor de cursos da Associação Brasileira de Sommelier, por onde já passaram mais de 4 mil alunos. Os salários de sommelier costumam variar de R$ 1.500 a R$ 3.000 e as vagas não param de surgir.

 

Veículo: Jornal da Tarde - SP


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