O consumo de suco de laranja no mercado interno brasileiro está crescendo. Enquanto em 2005 apenas 3% da produção nacional de suco era consumida pelos brasileiros, hoje, esse percentual está próximo de 10%. Mesmo com o volume exportado relativamente estável nos últimos cinco anos, a demanda doméstica pelo suco concentrado avançou de forma significativa.
Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que as exportações brasileiras de suco concentrado saíram de 1,34 milhão de toneladas em 2004/05 para 1,32 milhão de toneladas estimadas pela entidade em seu relatório de julho para a safra 2009/10. A queda de 1,5% nas vendas externas se opõe a um crescimento superior a 50% na demanda doméstica. O consumo de suco concentrado no Brasil passou de 23 mil toneladas em 2005 para as atuais 35 mil toneladas.
Apesar de o crescimento relativo ser elevado, o volume de suco de laranja consumido no Brasil ainda é baixo em comparação a outros países. A Rússia, por exemplo, consome 45 mil toneladas por ano, enquanto os chineses têm uma demanda doméstica de 59 mil toneladas. A expectativa de consultorias e empresas privadas, no entanto, é que o consumo de suco concentrado e também de sucos prontos para beber devido ao aumento da renda da população aumente no país. As indústrias processadoras estimam que o consumo de suco de laranja no Brasil triplicaré em cinco anos.
"As pessoas estão sofisticando o consumo. O aumento da renda tem feito a população elevar a qualidade do produto consumido, e a tendência é que haja um crescimento na demanda por sucos prontos para beber, incluindo o de laranja", afirma Maurício Mendes, diretor da AgraFNP.
Para o analista, esse aumento da demanda doméstica por laranja vai mudar a relação existente entre produtores e indústrias nos próximos anos. Ele lembra que até agora o mercado interno ficava com aquilo que sobrava das exportações. "Entramos em um momento que o mercado interno deixa de ser algo marginal e o Brasil passa a ser o maior cliente do Brasil para o suco de laranja", afirma Sampaio.
A demanda doméstica de suco de laranja tende a ser ainda maior se for incluída na conta a laranja consumida in natura. Cerca de 30% da produção de 16,23 milhões de toneladas da safra 2009/10 são de fruta in natura, que pode ser usada para a produção de suco em casa, por exemplo. Esse percentual se mantém relativamente estável nos últimos anos. Em 2005, era de 27% - 73% eram destinados para processamento da indústria.
Estimativas da Tetra Pak indicam que o consumo de sucos prontos no Brasil será multiplicado em mais de cinco vezes nos próximos cinco a seis anos. No ano passado, o consumo no país foi de 470 milhões de litros e a expectativa é de que atinja 2,5 bilhões de litros em meados de 2015, segundo a fabricante sueca de embalagens.
"No Brasil, o consumo de suco de laranja a partir da fruta [in natura] ainda é muito grande, mas as indústrias avançaram muito na parte tecnológica e conseguiram elevar a qualidade para esse sabor nos últimos anos", diz Eduardo Eisler, vice-presidente de estratégias de negócios da Tetra Pak para América Latina e Mercosul.
Veículo: Valor Econômico