Conquistar mercados é desafio para os produtores de suco

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O SUCO DE LARANJA COMPETE COM OUTROS SUCOS E BEBIDAS QUE VÊM SENDO LANÇADAS E GANHANDO MERCADO, QUE LEVAM POUCO VOLUME DE SUCO

 

O Brasil já conseguiu uma boa eficiência na cadeia citrícola. Desde mudas e viveiros, até plantar laranja, distribuir, fazer suco, transportá-lo em caminhões e navios dedicados, colocá-lo em doses na boca do cliente europeu -tudo isso os brasileiros fazem com uma eficiência inigualável.

 

Temos incríveis 85% do mercado mundial de suco, cujas exportações trazem US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,5 bilhões) por ano ao país. Desde os primórdios, é possível que essa cadeia tenha trazido diretamente do bebedor mundial de suco quase US$ 100 bilhões ao Brasil (a preços de hoje).

 

Esse valor está distribuído em muitas empresas, em 200 mil empregos em quase 300 cidades paulistas, em impostos, em pizzarias, em agências de automóveis e na empresa de tijolos do seu Zé, para construir imóveis em Bebedouro, interior de SP. Mas o leitor da Folha deve se preocupar para que o país consiga manter essa entrada de recursos.

 

Deixe-me explicar... A fruta laranja compete apenas, nas nossas escolhas, com as outras frutas, e tem seu crescimento futuro garantido nos mercados interno e externo de frutas frescas e nos mercados do suco feito em casa, em padarias, em restaurantes e em mercados de sucos frescos.

 

O problema está no suco exportado, que toma mais de dois terços da safra de laranja paulista. O suco de laranja, lamentavelmente, compete com outros sucos e com as outras bebidas que vêm sendo insistentemente lançadas e ganhando mercado, que levam pouco volume de suco (sólidos solúveis).

 

Nos EUA, principal consumidor mundial, o consumo por pessoa desabou de 22 litros por ano para 16 litros em dez anos. Na Europa, nosso principal mercado (70%), o consumo total caiu de 5,2 bilhões de litros para 4,9 bilhões em cinco anos.

 

Resta, então, pensar nos emergentes. Mas a solução pode também não vir desses países, pois vão para o mercado de néctares e de outras bebidas, chás, águas com sabor, que têm pouco conteúdo de suco. Crescerão, mas não como imaginávamos.

 

Fora isso, os supermercados vêm se concentrando cada vez mais e aumentando seu poder de comprimir os preços. Na Europa, 40% do suco de laranja é vendido com as marcas deles, a preços abaixo de 1 por litro.

 

As empresas de bebidas que compram nosso suco, embalam e vendem aos supermercados, também vêm se concentrando fortemente. Para essas, dá na mesma vender suco de laranja ou qualquer outra bebida.

 

O país pode ter algumas alternativas estratégicas para o setor, mas essa commodity provavelmente não terá o grande crescimento que veremos nos próximos dez anos para nossos grãos, carnes, açúcar, etanol, celulose...

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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