O mercado de vinhos cresceu com vigor no primeiro semestre. O produto importado, favorecido pelo câmbio, mostra expansão bem mais robusta do que a bebida nacional, mas o dólar barato não desanima o produtor brasileiro, que começa a investir em vinho fino a preço mais popular, embalado em caixinhas cartonadas ou em sacolas de poliéster envoltas em papelão.
Mesmo com a importação em alta , há espaço para lançamentos nacionais como o da Wine Park, de Garibaldi (RS). Nesta semana a vinícola começa a distribuir ao varejo os primeiros lotes do vinho "Onorabile", envasado em embalagens cartonadas fornecidas pela Tetra Pak. Com o novo produto, a empresa pretende popularizar o consumo de vinhos finos (elaborados a partir de uvas viníferas). Cada caixinha de um litro terá preço de venda nos supermercados sugerido em R$ 8,50. A vinícola já produz os vinhos e espumantes Gran Legado, que devem somar 150 mil garrafas neste ano.
"Vamos oferecer um vinho de qualidade por um valor acessível", diz o enólogo da Wine Park, Christian Bernardi. Segundo ele, graças à embalagem, o preço final ficará cerca de 40% menor do que o vinho em garrafa de vidro. A distribuição começa por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.
Os vinhos em embalagens cartonadas são comuns em mercados como Austrália, Espanha, Itália, Argentina e Chile. Até agora o único brasileiro nesse sistema era o "Frei Damião", da Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves (RS), a partir de uvas comuns (de mesa). Conforme a empresa, o volume vendido é pequeno, mas os números não foram informados.
Outra embalagem que começou a ser empregada há alguns anos no país, para reduzir preços e aumentar a competitividade do vinho fino nacional frente ao importado, é a "bag-in-box" (bib). Feita com uma bolsa de poliéster flexível acondicionada em caixa de papelão e equipada com uma torneira lateral, ela conserva as características da bebida durante três a cinco semanas. Austrália, França, Itália, Estados Unidos e Chile são tradicionais usuários.
O uso das "bags" consolidou-se nos últimos cinco anos no Brasil, São mais econômicas em relação às garrafas de vidro numa proporção semelhante a das caixinhas da Tetra Pak. Em geral, a oferta limita-se a versões de três e cinco litros. Segundo o Ibravin, em 2009, dois milhões de litros de vinho finos (70%) e comuns (30%) foram envasados em "bags". O volume é menos de 1% do total de vinhos finos e de mesa do Rio Grande do Sul, mas está em ascensão.
O presidente do Ibravin, Júlio Fante, diz que já existem 86 vinícolas brasileiras vendendo vinho em "bags". A maior parte é formada por empresas de pequeno porte, mas há também marcas maiores como Perini, Valduga, Aurora, Miolo, Aliança e Dal Pizzol. A Perini, de Garibaldi, é quem mais usa essa embalagem. Neste ano estima vender 1,3 milhão de litros de produtos finos e de mesa da marca "Jota Pe" em 400 mil "bags", cerca de 15% a mais do que em 2009, diz o gerente comercial Franco Perini.
"O ' bag-in-box ' veio para ficar", diz o executivo. De acordo com ele, esse tipo de embalagem proporciona uma economia de 25% a 30% para o consumidor em relação às garrafas de vidro e já representa 15% das vendas totais da vinícola (considerando vinhos, espumantes e suco de uva). Tende a ganhar mais espaço nos próximos anos.
Perini diz ainda que até agora 90% das vendas de vinhos em "bags" ocorrem nos supermercados e lojas de bebidas. "Foi uma surpresa, porque imaginávamos que o maior consumo seria nos restaurantes e bares", admite. Para estimular a demanda nos chamados "pontos de dose" (bares e restaurantes) a vinícola vai distribuir, dentro de dois meses, 50 equipamentos climatizados com capacidade para acomodar três "bags" cada um a estabelecimentos no Rio Grande do Sul, diz o gerente.
Veículo: Valor Econômico