Dinheiro deverá ser usado para ampliar o parque industrial, com especial foco nas regiões Norte e Nordeste
A fabricante de bebidas Ambev vai investir R$ 2,5 bilhões no Brasil este ano - um crescimento de 25% em relação aos R$ 2 bilhões aplicados no ano passado. O orçamento total da empresa para investimentos deverá ser de R$ 2,9 bilhões a R$ 3 bilhões - o restante do valor deverá ser aplicado principalmente nas operações na Argentina.
De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da Ambev, Nelson Jamel, os investimentos no País estarão concentrados principalmente no aumento da produção - ele lembrou que, no ano passado, os R$ 2 bilhões investidos no País foram suficientes para aumentar a capacidade em 15%. Para 2011, está prevista nova expansão do parque fabril, e a expectativa é de que o incremento na produção repita os patamares do último ano.
Como ocorreu em 2010, a Ambev deve continuar a concentrar sua expansão nas regiões Norte e Nordeste, que experimentam um forte aumento no consumo de cerveja e refrigerantes.
Segundo o presidente da Ambev, João Castro Neves, a ideia da empresa é usar as marcas principais - como Skol e Brahma - para abastecer o público das classes C e D do Norte e do Nordeste. Para oferecer novidades a esse público, a empresa pretende introduzir novas embalagens em ambos os mercados.
À medida que se consolida a venda das marcas mais populares, a empresa também planeja o lançamento de produtos de maior valor agregado - hoje mais restritos ao Sul e ao Sudeste - nas duas regiões. "Trabalharemos também as marcas premium, como Original, Bohemia e Stella Atrois", disse Neves. "A combinação dessas duas categorias de produtos nos permitirá crescer mais nessas regiões."
O presidente da Ambev afirmou também que a fábrica construída em Pernambuco em 2010 é insuficiente para atender à demanda percebida no Nordeste.
Resultados. A Ambev registrou lucro líquido de R$ 7,7 bilhões no ano passado, com alta de 33% sobre 2009. A empresa terminou 2010 com participação média de 70,1% no mercado de cerveja, segundo o instituto Nielsen - no ano anterior, a fatia foi de 68,7%. "Esse porcentual foi o maior desde a criação da Ambev, há dez anos", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia.
Ele lembrou que a Ambev conseguiu crescer acima da média da economia brasileira. O volume da companhia teve expansão de 10% no ano passado, ante um avanço do PIB de 7,5%. Em 2011, a previsão é que os números da Ambev acompanhem a desaceleração prevista para a economia - a expectativa do mercado é que o PIB cresça 4,5% neste ano.
Questionado sobre o avanço da Heineken no País, Jamel disse acreditar que ter mais um participante no mercado é positivo. "A Heineken é uma marca forte, global. E ter ela aqui, investindo nesse segmento, é benéfico para estimular o crescimento das categorias premium no País, que ainda têm uma penetração muito pequena", declarou.
Veículo: O Estado de S.Paulo