Chuvas e dívidas deixam consumidor mais cauteloso
Os fabricantes de refrigerantes estimam que as vendas possam crescer entre 4% e 4,5% em 2011 porque o mercado já não está tão aquecido, segundo a AbirEm 2010, os brasileiros beberam quase meio bilhão de litros de refrigerantes a mais que no ano anterior, segundo números preliminares da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir). No total, foram 15,7 bilhões de litros produzidos pela indústria, número que representa um crescimento de 3,7% em relação a 2009.
O resultado definitivo pode ser bem maior, na casa dos 6%. "Acredito que quando forem consolidados esses dados, até a segunda quinzena de abril, deveremos passar de 6% de crescimento, batendo as expectativas", diz Herculano Anghinetti, presidente da Abir. Há um ano, a entidade previa crescimento de 6,8% para o setor em 2010.
Para 2011, porém as previsões estão mais modestas, com uma meta de crescimento entre 4% e 4,5%. "Estamos apostando em uma percentagem mais realista, porque o mercado já não está tão aquecido. Janeiro e fevereiro foram muito ruins de vendas", diz o presidente.
As chuvas e o endividamento da população com as compras de fim de ano são algumas das razões apontadas por Anghinetti para a diminuição do consumo no início do ano. "Além disso, se houver um aumento da carga tributária, haverá com certeza repasse desse custo extra para o preço final", afirma o executivo.
A indústria de bebidas está negociando com o Ministério da Fazenda qual será o tamanho do reajuste na carga tributária para o setor. As negociações devem se estender por pelo menos mais duas semanas, segundo fontes ligadas ao assunto.
Já está acertada, mas sem data definida, a realização de uma reunião na qual representantes da Fundação Getulio Vargas (FGV) devem detalhar às empresas a proposta do governo. Se ela for implementada como está, haverá uma alta média na carga tributária de 8% para cervejas e também para refrigerantes. O que as empresas estudam propor é que esse percentual seja menor, mas que garanta ainda um aumento da arrecadação para o governo.
A mudança tributária deverá afetar, além de refrigerantes e cervejas, o segmento de energéticos, que teve um crescimento nos volumes de 40% em 2010. A produção, que foi de 62 milhões de litros em 2009, passou para 86 milhões no ano passado - registrando o maior crescimento do setor de bebidas.
Em seguida, vem o segmento de bebidas isotônicas, que teve evolução de 18%, chegando a 136 milhões de litros. Os chás gelados também tiveram uma grande alta (10%) totalizando 117 milhões de litros.
Segundo maior mercado em bebidas, o segmento de água mineral engarrafada (excluindo galões) totalizou 5,397 bilhões de litros, com alta de 5,8% na comparação com 2009.
Já os sucos e néctares cresceram 10,6%, passando de 463 milhões de litros para 513 milhões no ano passado.
Veículo: Valor Econômico