Mercado de espumante atrai investimento

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Consumo no país cresce 65% em cinco anos; alta na renda e mudança de hábitos explicam alta na venda

 

Para elevar consumo, Miolo oferece bebida nas praias de SC em um carrinho semelhante aos que vendem picolé

 

O brasileiro está bebendo mais espumantes. Entre 2005 e 2010, o consumo no país cresceu 65% e atingiu 16,8 milhões de litros -considerando bebidas nacionais e importadas. Somente em 2010, o aumento foi de 17%.

 

Ao contrário do segmento de vinhos finos -no qual os estrangeiros representam 80% das vendas-, nos espumantes o domínio é nacional. Os importados são apenas 20% do mercado.

 

Por isso, o crescente interesse dos brasileiros pela bebida faz as vinícolas nacionais investirem para atender ao consumo potencial.

 

Apesar da significativa expansão -em dez anos o crescimento foi de 160%-, o consumo per capita de espumantes no país ainda é irrisório: o brasileiro toma menos de uma taça por ano.

 

Em 2010, o consumo per capita foi de 0,09 litro ou 90 ml -inferior a uma taça de espumante (100 ml). Em países que são referência nesse mercado, como França e Espanha, o consumo é de 46 e 18 taças por ano, respectivamente, o que revela um grande potencial para um país que também almeja posição de destaque nesse mercado.
"Podemos, com tranquilidade, manter a média de crescimento de consumo entre 10% e 20% ao ano nos próximos 15 anos, o que pode levar o consumo brasileiro a 50 milhões de litros", afirma Henrique Benedetti, presidente da Uvibra (União Brasileira de Vitivinicultura).

 

EFEITO CLASSE C

 

O aumento da renda da população e, especialmente, a ascensão da classe C são os principais estímulos ao crescimento. "Quando o dinheiro permite, o consumo aumenta", afirma Júlio Fante, presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho).
Segundo ele, a maior taxa de crescimento está nos rótulos com preços de até R$ 30 -a entidade não divulga dados por faixas de valor.

 

Adriano Miolo, diretor do Miolo Wine Group -que tem em seu portfólio bebidas de R$ 14,90 a R$ 390-, confirma que a expansão é mais significativa nos itens mais baratos. "O consumidor que tomava a sidra de R$ 5 está migrando para o espumante de R$ 10 ou R$ 15", afirma.

 

NO LUGAR DA CERVEJA

 

Além do aumento da renda, o setor aposta na redução da sazonalidade do mercado. O objetivo é que o espumante deixe de ser uma "bebida de festa" e passe a ser uma opção para todo o ano.

 

Os esforços já vêm apresentando resultados. A concentração das vendas de espumantes no quarto trimestre caiu de 66%, em 2004, para 53% no ano passado.

 

O verão é o período com a maior taxa de crescimento. O volume de vendas entre o primeiro trimestre de 2004 e o mesmo período de 2010 aumentou 251% -a expansão do quarto trimestre foi de 84%, no mesmo intervalo.

 

Os números refletem ações promocionais para o consumo da bebida a qualquer hora, até na praia.

 

Nesta temporada, a Miolo colocou em praias de Santa Catarina um carrinho semelhante aos de picolé para vender, por R$ 10, garrafas de 250 ml de espumante, servido em taças de acrílico.

 

A ação começou em 2010 e neste ano foi reforçada. A expectativa da empresa para este Carnaval é vender 5.000 garrafas de espumante nas praias catarinenses.

 


Vinícolas preparam expansão da produção no país

 

Diante do potencial de crescimento do mercado, as vinícolas nacionais investem para aumentar a capacidade de produção de espumantes.

 

Líder no segmento, com participação de 40%, a Salton passará a ter produção própria de uvas e construirá neste ano uma vinícola em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai.
"Os 600 fornecedores que entregam uva para a empresa não estão conseguindo acompanhar o crescimento do mercado", diz Lucindo Copat, diretor da Salton.

 

Entre a compra do terreno de 700 hectares, plantio das uvas -que deve ser finalizado em cinco anos- e construção da nova vinícola, a Salton deve investir cerca de R$ 28 milhões, segundo ele.

 

A empresa estima avanço de 15% no faturamento deste ano, atingindo R$ 280 milhões. A receita com a venda de espumantes deve subir acima da média -20%.
A Miolo, que ainda concentra esforços na integração com a Almadén -adquirida pela empresa no final de 2009-, também estuda ampliar a sua presença no mercado, especialmente na faixa mais popular, em que está presente apenas com o frisante Sunny Days.
"Estudamos esse segmento com muito cuidado", afirma Adriano Miolo, diretor do Miolo Wine Group. A empresa espera crescer 28% em faturamento neste ano e atingir R$ 100 milhões.

 

As vinícolas de menor porte também se preparam para um mercado mais desenvolvido. A Perini, de Farroupilha (RS), investirá R$ 9 milhões este ano. O aporte permitirá à empresa dobrar a sua produção de espumantes em três anos. No ano passado, ela foi de 600 mil garrafas -todas foram vendidas.
Com investimento de menor porte, a Cooperativa Vinícola Garibaldi deverá aplicar R$ 1,5 milhão em seu parque industrial. "Vamos aumentar a nossa capacidade de produção de espumantes em 15%", diz Oscar Ló, presidente da cooperativa.(TF)

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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