Para evitar aumento, setor propôs investimentos de R$ 7,7 bilhões e a abertura de 60 mil vagas de empregos, mas governo rejeitou as propostas
Os preços de refrigerantes, cervejas e água devem subir a partir dos próximos 60 dias, uma vez que os empresários do setor não conseguiram convencer o governo a postergar a revisão dos parâmetros para a cobrança de impostos que incidem sobre bebidas e embalagens.
Os preços de referência para a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e PIS/Cofins das chamadas "bebidas frias" foram reajustados pela Receita Federal pela última vez em janeiro de 2009. Na prática, para dar fôlego ao setor durante a crise financeira internacional, o governo congelou a base de incidência desses tributos.
No entanto, passada a turbulência internacional e de olho no reforço de arrecadação que o setor pode proporcionar aos cofres públicos em um ano de pouco espaço fiscal, o governo decidiu recompor a tabela aos preços atuais das bebidas.
Segundo Milton Seligman, vice-presidente da Ambev e vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Refrigerante (Abir) e do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), o setor chegou a propor, em troca da manutenção da tabela, a realização de investimentos de R$ 7,7 bilhões no País e a criação de 60 mil empregos, o que resultariam em R$ 1 bilhão a mais de arrecadação por ano para a Receita.
Impacto. No entanto, após reunião de ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Seligman afirmou que o governo considera que, após um ano de bons resultados para o setor, chegou a hora de fazer a correção na tabela.
"Aumento de impostos nunca é bem-vindo, mas, nesse caso, é um ajuste da tabela. O governo contribuiu para o setor nos últimos anos e agora entendeu que chegou a hora de fazer a correção", disse o empresário.
Na avaliação de Seligman, o reajuste deve ser superior a 10%, pois leva em consideração a inflação acumulada nos últimos dois anos.
O vice-presidente da Ambev, no entanto, afirmou que ainda não é possível determinar de quanto será o repasse para o preço final das mercadorias, nem o impacto do aumento do imposto nos planos de investimentos do setor.
Apesar de não ter conseguido barrar a revisão dos preços de referência, o executivo considerou a reunião positiva.
Isso porque o setor ainda temia um aumento nas alíquotas dos impostos, que somada à correção da tabela, poderia resultar em uma carga tributária ainda mais elevada. Seligman ponderou que o setor de bebidas é um dos que mais paga impostos no mundo e que no Brasil não seria diferente.
Veículo: O Estado de S.Paulo