Com calma, Heineken retoma plano de construir fábricas

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Depois de quase cinco meses negociando uma possível oferta pela Schincariol, a Heineken, quarta maior cervejaria em volume no mercado brasileiro, volta à estratégia de crescimento orgânico no país.

 

Com participação de mercado estimada em 8,35% do mercado nacional, a Heineken tem planos de aumentar a capacidade de suas oito cervejarias no Brasil com a construção de novas unidades. "O plano continua mantido, não mudamos nada nele", disse uma pessoa ligada à empresa.

 

Ainda não há número para novas fábricas, localidades ou total a ser investido definidos. "Até porque o mercado já não está mais tão aquecido", diz a fonte.

 

A produção nacional de cervejas teve queda, de 12,66%, em junho em relação a igual mês de 2010, segundo dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, que audita 99,5% de toda bebida fabricada no Brasil. A produção em litros de cerveja no país foi de 844,276 milhões, ou seja, 122,476 milhões de litros a menos que em junho de 2010. Impostos mais altos, cerveja mais cara e um inverno mais rigoroso, no Sul e Sudeste do país, acabaram afastando o consumidor.

 

A ideia de retomar a expansão orgânica, segundo a fonte, já estava sendo considerada antes do anúncio da compra da Schincariol pela Kirin. "Na 'due diligence', vimos que seria muito difícil ter uma noção exata das dívidas da companhia e por isso já tínhamos tirado a Schincariol da cabeça", diz a fonte. A dívida líquida, segundo o BTG Pactual, que fechou a venda à Kirin, informou que a dívida líquida é de R$ 1,1 bilhão.

 

"Fomos todos pegos de surpresa, não só por conta da rapidez em que foi feita a oferta da Kirin mas também por seu valor", diz uma pessoa próxima à Heineken.

 

Tanto a Heineken quanto a britânica SABMiller estavam em meio a uma "due diligence" para verificar as contas da Schincariol quando souberam da compra pela Kirin, na segunda-feira à noite, segundo essa fonte.

 

A Kirin, conforme outras fontes ligadas à negociação, teria entrado no processo em maio, quase dois meses depois das duas cervejarias europeias.

 

"De nenhuma maneira o valor que as duas empresas estavam esboçando chegaria perto dos R$ 3,95 bilhões pagos pela Schincariol. A possibilidade de cobrir essa oferta sequer foi cogitada pelas duas empresas", disse uma fonte. SAB e Heineken acreditavam que as duas "due dilligences" ainda levariam pelo menos mais dois meses para serem concluídas.

 

A Heineken, com sede em Amsterdã, tem dinheiro em caixa para fazer aquisições. No início de maio, a cervejaria anunciou ter conseguido um empréstimo de €€ 2 bilhões. Além disso, a empresa comemorou no primeiro trimestre do ano um aumento de 6,7% em suas vendas orgânicas (sem considerar as aquisições) em volume, em relação ao mesmo período de 2010. Houve alta nas vendas de 8,3% em volume na região Américas, que inclui o Brasil.

 

A receita chegou a € 3,59 bilhões, com 22% de alta em comparação com os três primeiros meses do ano passado. O lucro líquido foi de €€ 151 milhões. Os resultados do segundo trimestre serão publicados no dia 24.

 


Veículo: Valor Econômico


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