A maior fabricante de bebidas destiladas do mundo está disposta a ser menos "elitista" no Brasil. É o que propõe o novo presidente da Diageo, Otto Von Sothen, ex-PepsiCo, que assumiu há quatro meses. Sothen quer reforçar o portfólio popular da companhia, dona do uísque Johnnie Walker e da vodca Smirnoff, carros-chefe no país, investindo em opções mais acessíveis, como saquê, rum e cachaça, e também em versões prontas para beber.
"O Brasil é muito maior do que as classes A e B", diz o executivo. "O brasileiro é extremamente leal às nossas marcas Johnnie Walker e Smirnoff, que têm no país o seu maior crescimento mundial, mas enxergamos potencial para crescer com outros produtos do nosso portfólio", diz Sothen.
O presidente destaca a cachaça Nega Fulô, o rum Captain Morgan e o saquê Jun Daiti. Adquirido da Sakura e lançado há um ano, o Jun Daiti se tornou a primeira marca de saquê da Diageo no mundo. Segundo Sothen, a categoria saquê tem crescido em média 30% ao ano no país, segundo a Euromonitor. "É difícil pedir saquê pela marca, mas o Jun Daiti já é reconhecido pelo público", afirma. O valor da garrafa é R$ 15.
Em rum, a Diageo acaba de lançar o premium Zacapa e está em fase de testes com Captain Morgan no Paraná, diz Sothen. "A Captain Morgan é uma das marcas da Diageo que mais cresce no mundo".
O Brasil chamou a atenção nos resultados da multinacional britânica, anunciados ontem. Em apresentação do balanço do ano fiscal encerrado em 30 de junho, seu presidente mundial, Paul Walsh, afirmou que o aumento do emprego e da renda no Brasil, auxiliado por um sistema mais amplo de distribuição dos produtos, permitiu que as vendas no país crescessem 23%. No período, a Diageo aumentou em 16% o número de pontos de venda no Brasil (bares, restaurantes e supermercados).
O bom desempenho nacional foi puxado por uísque (alta de 30%) e vodca (17%). "O Brasil é o maior mercado consumidor do uísque Red Label no mundo", diz Sothen, destacando a praça de Recife como a líder em vendas. O país ocupa a terceira posição entre os maiores consumidores de Smirnoff, só perdendo para Estados Unidos e Grã Bretanha. No anúncio dos resultados, o CEO Paul Walsh chamou a atenção para as vendas da Smirnoff Caipiroska (um drinque pronto para o consumo), que cresceram 18%.
No país, os investimentos em marketing aumentaram 62% no último ano fiscal, com destaque para a campanha "Keep walking", de Johnnie Walker.
As vendas líquidas globais da Diageo subiram 2% no exercício, atingindo 9,9 bilhões de libras (cerca de US$ 16 bilhões). No volume vendido, a alta foi de 3%. O lucro de 2011 ficou em 2 bilhões de libras (US$ 3,3 bilhões), com alta de 16% sobre o ano anterior. Pela primeira vez, o mercado Internacional - América Latina, Caribe, África e Oriente Médio - superou a Europa e se tornou o segundo maior nas vendas da Diageo, só perdendo para os Estados Unidos.
O consumo americano dos produtos da Diageo cresceu 3%, enquanto o europeu caiu 3%. Os melhores desempenhos vieram de Ásia-Pacífico (9% de alta) e Internacional (13%). Os emergentes significam cerca de um terço das vendas. "Brasil, México e Canadá são nossas prioridades", diz Sothen.
Veículo: Valor Econômico