A maior cervejaria das Américas quer estar preparada para as oscilações de demanda. Dos R$ 2,5 bilhões de investimentos anunciados pela Ambev este ano, R$ 1,1 bilhão estão sendo aplicados no Sudeste, para ampliar e modernizar as fábricas. Mais do que aumentar em 10% a capacidade de produção na região, onde a empresa soma 13 plantas, a iniciativa procura tornar as fábricas aptas a produzir diferentes versões e apresentações de cervejas, refrigerantes e demais bebidas não alcoólicas, ao sabor do gosto do público. Assim, a Ambev diminui custos logísticos e leva mais rápido o produto "da moda" ao ponto de venda. É o que a multinacional chama de "flexibilização total" do processo produtivo.
"Interessa deixar a fábrica pronta para fazer um pouco de tudo", disse ao Valor o vice-presidente industrial da Ambev, Márcio Fróes. "Essa é uma estratégia adotada no país inteiro, mas o Sudeste demanda mais inovações do que outras regiões". Hoje Fróes inaugura em Piraí, no Rio de Janeiro, a ampliação da filial, que passa a ter uma capacidade 35% maior. A fábrica, que recebeu investimentos de R$ 160 milhões, começa a envasar cervejas em latas de 269 ml e 473 ml. Até então, só a versão tradicional de 350 ml era produzida. Também foi instalada uma nova linha para garrafas de 600 ml e 300 ml.
Em refrigerantes, Piraí produzia apenas guaraná Antarctica, Pepsi e H2OH limão. Agora, vai fabricar todos os sabores e versões, incluindo diet e a marca Sukita, em embalagens PET e lata. Além disso, passa a produzir o energético Fusion, lançado este ano, cuja fabricação estava restrita a Viamão (RS).
"Temos fama de cortadores de custos e é claro que a companhia é fanática por redução de despesas, mas faz isso justamente para ter caixa para reinvestir", diz Fróes.
A estratégia de não ter um portfólio fixo em cada planta é acertada quando se tem grandes volumes, como a Ambev, diz o consultor Alberto Viviane. "Mas isso aumenta o desafio do controle logístico e da distribuição", afirma o especialista, que também lembra a necessidade da empresa de adaptar a produção aos dois grandes eventos mundiais que serão sediados no Brasil, a Copa do Mundo e a Olimpíada. Nesses momentos, a resposta à demanda precisa ser ainda mais rápida.
Nos próximos meses, a Ambev deve anunciar uma nova planta para envasar a marca Budweiser, que há dois meses começou a ser produzida em Jacareí (SP), nas versões lata, long neck e 600 ml. "O aumento da demanda exige uma segunda planta para produzir a marca, que vai precisar da certificação da Anheuser-Bush, um processo que demora entre quatro e cinco meses", afirma Fróes.
Em Jacareí, o aumento da capacidade produtiva este ano, de 12 para 14 milhões de hectolitros, está sendo puxado pela Budweiser, que até o fim do mês passa a ser distribuída para toda a região Sudeste e Sul. Até agora, a marca estava apenas no Rio e em São Paulo. Na unidade também começaram a ser produzidas cervejas em garrafas de 250 ml e 300 ml e a versão long neck da Stella Artois.
Em Jaguariúna, onde é fabricado o Gatorade, a linha de produção passou a envasar o isotônico em versões de um litro e 350 ml.
Em todo o Estado de São Paulo, os investimentos somam R$ 537 milhões, incluindo a construção de uma nova linha de produção em Guarulhos, para envasar 35 mil garrafas de 1 litro por hora, elevando em 15% a capacidade anual de 4,2 milhões de hectolitros.
Isoladamente, o maior investimento é feito em Sete Lagoas (MG). A quarta ampliação da filial, inaugurada em 2008, deve consumir R$ 250 milhões. A capacidade da fábrica vai praticamente dobrar, de 4,7 milhões para 9,3 milhões de hectolitros ao ano. No local, estão sendo instaladas duas novas linhas de envase: garrafas (60 mil por hora) e latas (120 mil por hora).
Veículo: Valor Econômico