A lista de candidatos à presidência da segunda maior cervejaria do Brasil é restrita. Segundo apurou o Valor, cerca de cinco nomes estão na seleção da Kirin para ocupar o comando da Schincariol. O escolhido entrará no lugar de Adriano Schincariol, neto do fundador, que no momento acumula a presidência executiva e a diretoria comercial do grupo, lugar deixado pelo primo, Gilberto Schincariol Júnior. Adriano deve permanecer no comando da companhia até o fim de janeiro.
A Kirin decidiu valorizar a prata da casa e está disposta a contratar como presidente um executivo que já pertence aos quadros da companhia, apurou o Valor. Mas também estão no páreo alguns nomes de fora da empresa, todos brasileiros. A Kirin acredita que o mercado nacional de bebidas tem muitas peculiaridades e que não vale chamar um executivo japonês para a missão. É preciso alguém acostumado ao perfil do consumidor local.
O novo presidente deve ser escolhido até o começo de janeiro. Na metade do mês, é esperada a visita do CEO mundial da Kirin, Senji Miyake, ao Brasil. O perfil procurado pelos japoneses é um executivo com experiência no mercado de consumo, capaz de obter resultados financeiros ao mesmo tempo em que busca recuperar participação de mercado perdida para a Petrópolis, dona da Itaipava que, nos últimos meses, passou à frente da Schincariol na venda de cervejas.
"Se eu estivesse comandando essa seleção, aproveitaria para recrutar alguém de consumo, mas fora do mercado cervejeiro, que carece de ideias novas", diz o headhunter Winston Pegler, da Odgers & Berndtson, uma das principais empresas de recrutamento de altos executivos do país. Segundo apurou o Valor, a Kirin não contratou consultoria de headhunting.
Ontem, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da Schincariol pela Kirin. A decisão foi tomada por unanimidade. Ao julgar o caso, os conselheiros tiveram algumas questões para analisar, como uma cláusula de não concorrência entre os japoneses e a Schin, cujos termos foram mantidos sob sigilo, o fato de o negócio ter sido discutido na Justiça e os acordos que a Kirin detém com a Anheuser-Busch para produzir e distribuir a Budweiseir no Japão.
Ao fim, todas essas questões foram superadas e o negócio foi aprovado por uma razão simples: a Ambev tem liderança absoluta na venda de cervejas, perto de 70% do total. "O mercado é muitíssimo concentrado. A cláusula de não concorrência não tem nenhum problema", afirmou o relator do processo, conselheiro Alessandro Octaviani.
Daniel Andreoli, sócio do TozziniFreire Advogados, que assessora a Kirin, concorda. "Em cerveja, a Kirin tem menos de 0,5% do mercado nacional, onde participa com produto importado".
Veículo: Valor Econômico