Proibida pela Anvisa de vender sucos à base de aloe vera, a americana Forever Living aposta em uma bebida energética para recuperar a receita.
Qual a semelhança entre o telefone fixo, que você vê na foto abaixo, e os sucos à base de aloe vera (popularmente conhecida como babosa) produzidos pela empresa americana Forever Living? É que os dois, agora, são coisa do passado. O primeiro cresce a taxas vegetativas há vários anos no Brasil. O segundo, desde novembro de 2011, teve sua venda proibida no País pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por não ser comprovada a segurança da substância como alimento. A medida obrigou a Forever Living, que é a maior fabricante mundial de cosméticos e bebidas à base de aloe vera, a tirar do mercado seis tipos de sucos. Eles eram responsáveis por uma receita de US$ 45 milhões, aproximadamente 27% de suas vendas no Brasil em 2010.
O remédio que a filial brasileira encontrou para reduzir os impactos da proibição foi o FAB (Forever Active Boost), uma bebida energética sem a famosa babosa. “Esperamos cobrir a lacuna deixada pelos sucos”, afirma Fernando Junqueira, diretor-geral da subsidiária local. A Forever Living, que fatura US$ 2,8 bilhões mundialmente, manterá a mesma estratégia que usa para vender seus outros produtos. A empresa trabalha com um método do tipo pirâmide, no qual o representante ganha bonificações de acordo com o volume de vendas que ele gera por meio de suas indicações.
Desse modo, a marca tem uma carteira de um milhão de clientes fixos em todo o País. “Nossa propaganda é o boca a boca”, diz o executivo. “Queremos atrair os clientes pelo preço baixo e pelo sabor.”
Os concorrentes da Forever Living na área de energéticos, ao contrário, gastam enormes somas em publicidade. O exemplo mais relevante nesse sentido é a Red Bull, que investe em marketing aproximadamente 35% de sua receita global, estimada em € 21 bilhões. A entrada da Forever Living no setor de bebidas energéticas acontece em um momento no qual o setor passa por um crescimento expressivo. O mercado de bebidas cresceu 1,2% em volume de vendas em 2011, de acordo com a consultoria americana Nielsen. Já o de energéticos aumentou 39% no mesmo período. “O brasileiro está criando o hábito de tomar energéticos”, diz Claudio Czarnobai, analista da Nielsen. Com esse cenário, a Forever Living ainda espera a liberação dos sucos à base de aloe vera.
A companhia diz ter enviado para a Anvisa um dossiê que comprova a qualidade do produto. Apesar disso, a agência afirma não ter previsão de liberar a venda. “Os documentos científicos apresentados até o momento não foram suficientes para comprovar a segurança do consumo de aloe vera como alimento”, afirma Denise Resende, gerente-geral de alimentos da Anvisa. A instituição ainda acrescenta que, por nunca ter registrado esse tipo de alimento, sua comercialização é classificada como uma infração sanitária. A Forever Living alega que sempre trabalhou com o registro do Ministério da Agricultora, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Todos os sucos de origem vegetal são de competência do Mapa, que durante diversos anos deu anuência a esse produto”, afirma Junqueira.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro