Mineiros investem em vinhedo

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Com aporte de US$ 220 mil, empresários garantirão 5 mil garrafas com marca própria.


Os amantes do vinho, antes limitados às prateleiras das delicatessens e supermercados, agora têm a oportunidade de produzir a sua própria safra. Esta é a proposta do The Vines of Mendoza, empresa localizada no Valle de Uco, na Argentina, criada através da parceria entre o argentino Pablo Gimenez e o americano Michael Tolland.

O projeto The Vines of Mendoza oferece a oportunidade de adquirir até quatro hectares do vinhedo, onde o produtor é assessorado em todo processo de fabricação do vinho, da terra à garrafa, pelos principais profissionais de enologia do país. O investidor deste novo tipo de negócio pode, ainda, criar a sua própria marca, participar de degustações e apreciar o típico churrasco argentino, isso tudo com vista para os imponentes picos nevados da Cordilheira dos Andes.

O investimento mínimo é de US$ 220 mil (cerca de R$ 396 mil), o equivalente a 1,2 hectare de terra na propriedade do The Vines, com capacidade para produzir, em média, 5 mil garrafas de vinho. "Quanto maior a qualidade do vinho, menor é a quantidade produzida", explica o sócio Pablo Gimenez. Este valor inclui todo o sistema de manutenção do vinhedo pelo período de dois anos, como a preparação do terreno, plantação das uvas que o investidor escolher e a produção do vinho com a marca do investidor. Gimenez diz, ainda, que a maioria dos produtores fabrica entre 10% e 20% de vinho para consumo próprio e vende o restante da produção para a marca do The Vines, Recuerdo ou para os vinhedos vizinhos.

Brasileiros - Os proprietários dos vinhedos são das mais diversas nacionalidades. Entre americanos, espanhóis, irlandeses e ingleses, estão dez brasileiros que já conseguiram se tornar produtores de vinho, sendo três deles mineiros. Alguns dos investidores estão em busca de uma nova atividade, outros, de um negócio rentável.

O presidente do Conselho Administrativo da Nansen Instrumentos de Precisão, Murilo Araújo, dono de 1,2 hectare do vinhedo, disse ter unido a paixão pelo vinho à chance de um bom negócio. "A região do Valle de Uco está valorizada e os terrenos estão se esgotando, o que só aumenta o valor da área", aposta. Grande apreciador de vinho, ele disse já ter visitado várias regiões produtoras e garante a qualidade dos produtos de Mendoza.

Já o engenheiro mecânico da Samarco Mineração José Carlos Mariano sonhava em ter seu próprio vinho (personalizado) e achou na iniciativa a chance de constituir um negócio. "Unir a oportunidade de ter um vinhedo e um vinho com a própria marca tornou o negócio ainda mais interessante", justifica. Ele diz que o vinho terá no rótulo o nome "Amariano", uma junção dos nomes dele e da esposa. "Pretendo produzir uma parte para consumo próprio e comercializar o restante, talvez no mercado belo-horizontino", revela. Segundo ele, a iniciativa de vender a mercadoria pode, no mínimo, amortizar o investimento realizado.

Espera - Mas é preciso ter paciência. Entre a preparação da terra para receber a plantação até o engarrafamento são necessários, em média, dois anos.

O período de colheita da fruta acontece entre março e abril e até a venda da mercadoria é um longo caminho. O processo de fermentação leva 30 dias e para um produto de qualidade premium são necessários entre 10 a 18 meses em um barril de carvalho. "Estamos começando a consumir os vinhos produzidos em 2010", disse o empresário Gimenez. "Temos um dos maiores enólogos especializados do país e contamos com uma grande equipe para a manutenção da terra", completou. O enólogo chefe do The Vines é o internacionalmente conhecido Santiago Achaval, sócio da vinícola Achaval-Ferrer, e garante a credibilidade do negócio.

As variedades de uva mais plantadas são malbec (56%), cabernet franc (12%), syrah (8%) e cabernet sauvignon (7%). "Mas é possível plantar de acordo com o gosto do cliente", garante Pablo.

Primeira colheita - Dono de 1,6 hectare do vinhedo, o presidente da Fundação Dom Cabral (FDC), professor Emerson de Almeida, vai realizar a primeira colheita no final deste mês. Segundo ele, foram plantados 80% de uvas do tipo malbec e o restante de cabernet sauvignon no seu terreno. "A variedade malbec é originária da própria região e de pura excelência. Já as mudas de cabernet são importadas de um vinhedo italiano", completa.

O professor, que já tem o nome da marca que vai produzir, "Gracias a la vida", garante que a valorização do terreno já compensou o investimento feito. "A minha prioridade é liberar a minha paixão pela bebida, mas pretendo trazer os vinhos para comercializar em território brasileiro e até lucrar com a venda", diz.


Região privilegiada - Além de ser uma sofisticada cooperativa, The Vines of Mendoza ainda é privilegiada em sua localização. Aos pés da Cordilheira dos Andes, o vinhedo fica no Valle de Uco e começou a ser explorado há apenas 10 anos, quando foi instalado o sistema de irrigação artificial na região e se tornou um ícone na produção mundial de vinhos finos. "A visão dos 400 hectares de vinhedo em frente aos picos gelados dos Andes é belíssima. O negócio virou um prazer, a realização de um sonho", celebra o professor Emerson de Almeida.

Para fazer parte deste grupo exclusivo é preciso entrar em contato com um dos sócios. A melhor maneira é pelo site www.vinesofmendoza.com. Pablo Gimenez diz que é possível visitar o local antes de fechar negócio e desfrutar da experiência de unir a arte de produzir um vinho ao prazer da degustação.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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