Ambev vende menos em "ano fora da curva"

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A venda da Ambev praticamente andou de lado em 2011. A maior cervejaria das Américas, presente em 14 países do continente, registrou ligeira queda de 0,1% no volume vendido no ano passado. No Brasil, houve aumento de 0,2% no volume, mas no Canadá a queda foi de 10%.

Em 2011 a receita líquida da Ambev foi de R$ 27,1 bilhões, 7,5% acima do ano anterior. O lucro líquido consolidado no continente subiu 14,4%, para R$ 8,72 bilhões. No Brasil, onde está concentrada cerca de 70% da sua receita, o volume de cerveja cresceu 0,1% e, o de refrigerante, 0,4% no ano.

No quarto trimestre, o volume vendido pela Ambev cresceu 0,2% (alta de 0,4% em cervejas e queda de 0,1% em refrigerantes). A receita líquida subiu 12,4%, para R$ 8,37 bilhões. O lucro líquido cresceu 17,3%, para R$ 3,03 bilhões.

A cerveja da Ambev, que respondeu por 84% da receita líquida de R$ 18,6 bilhões no Brasil em 2011, perdeu participação. Ainda assim, alcançou a respeitável fatia de 69% nas vendas nacionais da categoria no ano passado - tinha 70,1% em 2010. Segundo o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), no mercado de cerveja, cada ponto percentual a mais ou a menos durante um ano vale cerca de R$ 200 milhões. "Reconhecemos que alguns competidores foram melhores, mas achamos que foi um ano bom de resultado e estamos animados a disputar ponto um por ponto um este ano", afirmou Jamel.

"2011 foi um ano fora da curva", disse o vice-presidente financeiro e de relação com investidores da Ambev, Nelson Jamel. "Mas, ainda assim, tivemos o segundo melhor market share da Ambev em cervejas nos últimos dez anos e batemos o recorde na participação de refrigerantes, com 18%, contra 17,7% do ano anterior", diz o executivo.

Para Jamel, as iniciativas macroeconômicas do governo, como a quinta redução consecutiva da taxa Selic e o aumento do salário mínimo, que subiu de R$ 545 para R$ 622 em janeiro, vão contribuir para a retomada das vendas em 2012. "Essas medidas, junto com o nosso investimento em inovação, vão contribuir para que a Ambev volte este ano a um crescimento mais alinhado com o nosso histórico", disse ele.
 

Em 2012, a empresa deve somar investimentos de R$ 2,5 bilhões em bens de capital (Capex), valor semelhante ao que aplicou no ano passado (R$ 2,6 bilhões). Mas essa quantia ainda depende das próximas decisões do governo a respeito dos impostos cobrados sobre o setor de bebidas. Se houver reajuste para cima, o investimento pode ser menor.

As regiões Norte e Nordeste, onde a empresa tem participações abaixo da sua média nacional e enfrenta concorrência mais acirrada com a Schincariol, será privilegiado. "Vamos olhar com carinho para a região, que apresenta um consumo per capita menor e, portanto, maior potencial de crescimento", disse Jamel. De acordo com o executivo, os investimentos em 2012 vão seguir o mesmo perfil do ano passado. Em 2011, dos R$ 2,6 bilhões investidos pela Ambev em Capex, R$ 800 milhões foram para o Nordeste, com destaque para a nova fábrica em Pernambuco.

A grande aposta da companhia este ano está na Budweiser. A cerveja, que é produzida apenas em Jacareí (SP), deve começar a ser fabricada em uma segunda unidade industrial ainda este ano, segundo informou Jamel ao Valor, sem revelar a localidade. "Trata-se de um produto de maior valor agregado que as nossas marcas mais populares - Skol, Brahma e Antarctica -, mas que custa menos que uma super premium, como Stella Artois, o que gera uma nova opção para o consumidor".

A Ambev também quer reforçar a sua participação em não alcoólicos. A empresa, que produz e revende as marcas da PepsiCo, como Gatorade e Lin Tea, vai lançar a versão uva da H2O2 em abril. "Temos muito espaço para crescer em produtos não carbonatados", afirmou Jamel. Em entrevista ao Valor em outubro, a presidente da PepsiCo na área de bebidas, Andréa Álvares, afirmou que a empresa está estudando a entrada no mercado de sucos.

No mundo, a AB Inbev, que controla a Ambev, registrou vendas de US$ 39,05 bilhões em 2011, com crescimento de 4,6% sobre o ano anterior. O lucro saltou 38% para US$ 7,95 bilhões.


Veículo: Valor Econômico


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