Governo pode restringir ou sobretaxar vinho importado

Leia em 2min

Ministério aponta indícios de que compras prejudicam indústria nacional


Importadores dizem que tipo de vinho objeto da investigação representa só 15% da produção nacional

O Brasil iniciou ontem investigação para determinar se irá elevar o Imposto de Importação ou restringir as compras de vinhos finos de outros países.

O pedido de investigação foi feito no ano passado pelos produtores domésticos.

Com base em informações fornecidas pelo setor, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior diz que há "indícios suficientes" de que o crescimento da importação da bebida vem causando prejuízo grave à indústria nacional.

A Abba, associação que representa 130 importadores, contesta a investigação e afirma que o tipo de vinho que é objeto da investigação, da espécie Vitis vinifera (vinho fino), representa somente 15% da produção brasileira.

Alega ainda que o preço médio da garrafa de vinho fino importado aumentou entre 2009 e 2011, ou seja, tornou-se menos competitivo no mercado interno.

Se há três anos cada garrafa foi importada por em média US$ 3,2, em 2011 o valor aumentou para US$ 3,6.

"O pedido não tem embasamento técnico", diz Raquel Salgado, presidente da Abba (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas).

Hoje, o Imposto de Importação de vinho fino é de 27%.

"A investigação de salvaguarda não olha preço, e sim a existência de um surto de importações", diz Felipe Hees, diretor do Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento.

Entre 2009 e 2011, a importação de vinho tinto fino cresceu de 54,9 milhões de garrafas para 71,7 milhões, aumento de 30%.

"Novas áreas de produção, que fizeram vários investimentos na produção de vinho fino, em Santa Catarina, por exemplo, estão espremidas pela forte concorrência com importados", diz Carlos Paviani, diretor do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho).

As salvaguardas são ações emergenciais para restringir importações de determinados produtos, com aumento do Imposto de Importação ou imposição de cotas. Em tese, são aplicadas nos casos em que a viabilidade econômica de um setor está em risco.

Se aplicada, a medida não valerá para Argentina e Uruguai, com quem o Brasil tem acordo comercial.

Se a medida sair, será implementado também um plano de ajuste para elevar produtividade e investimentos, reduzir custos e qualificar produtos por meio de inovações tecnológicas.

Essa é quarta investigação de salvaguarda desde 1995. As já aplicadas no Brasil foram de brinquedos -já encerrada- e de coco ralado, que terminará neste ano. Uma investigação sobre CDs e DVDs foi arquivada.


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Secex estuda salvaguardas para o vinho brasileiro

A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) determinou a abertura de investigação para averiguar a ne...

Veja mais
Schincariol é vice-líder

A Schincariol voltou a ocupar a vice-liderança no consumo nacional de cerveja. Em fevereiro, a empresa atingiu pa...

Veja mais
EUA liberam suco de laranja brasileiro

Comissão de Comércio Internacional revogou ontem a taxa antidumping aplicada sobre o produtoA Comiss&atild...

Veja mais
EUA acatam a ordem da OMC e retiram taxa de suco brasileiro

O suco de laranja brasileiro deixará de ser taxado para entrar nos Estados Unidos, que impunham valores de at&eac...

Veja mais
A receita é doce, mas tem menos açúcar

O açúcar responde por pouco mais de um quarto do custo do refrigerante, ou 26%. É a matéria-...

Veja mais
Mineiros investem em vinhedo

Com aporte de US$ 220 mil, empresários garantirão 5 mil garrafas com marca própria.Os amantes do vi...

Veja mais
Como a Kirin quer pôr ordem na Schin

Numa teleconferência para analistas de mercado na semana passada, João Castro Neves, presidente da Ambev, f...

Veja mais
Coca e Pepsi mudam fórmula de refrigerante

Empresas promoveram alteração para não ter de exibir alerta contra o câncer nas embalagensA C...

Veja mais
Coca-Cola vai reduzir substância em corante

Medida ocorrerá na Califórnia; motivo é suposto risco cancerígeno ligado à molé...

Veja mais