O suco de laranja brasileiro deixará de ser taxado para entrar nos Estados Unidos, que impunham valores de até US$ 50 por tonelada do produto, sob o manto de "medida antidumping". A Comissão de Comércio Internacional do país (USITC, na sigla em inglês) anunciou ontem que obedecerá à decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), tomada em dezembro de 2010, e suspenderá a tarifa protecionista. No Brasil, o setor comemorou a decisão dos norte-americanos.
"É mais uma vitória, porque agora o próprio órgão de comércio exterior dos EUA diz que as acusações de dumping sobre o suco brasileiro não procedem e não causam danos aos produtores norte-americanos", afirmou o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer.
O representante disse que a decisão da USITC "é política", enquanto a da OMC, acatada pelos Estados Unidos após uma série de recursos, é técnica. "Essa nova vitória é um grande alívio para o setor", declarou.
Da parte dos produtores, o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, disse que a mudança vai trazer reflexos positivos para a citricultura nacional. "A decisão é bem vinda e apoiada, uma vez que visa, também, a melhorar o preço e a distribuição dos nossos produtos".
A Associtrus espera que a revogação de barreiras comerciais contra o suco brasileiro no mercado norte-americano resulte em reequilíbrio do preço pago pela indústria aos produtores de laranja. A expectativa é que o aumento da competitividade nos EUA eleve a procura pela fruta brasileira, cuja safra maior desvalorizou o produto.
Em nome do setor público, o Ministério das Relações Exteriores informou ao DCI que a revogação da taxa antidumping aplicada sobre o suco de laranja brasileiro foi uma decisão soberana do governo norte-americano, que vai beneficiar os exportadores brasileiros.
A decisão dos Estados Unidos de aceitar a vitória brasileira na OMC e retirar a taxa antidumping, no entanto, não derrubará a tarifa de importação regular de US$ 416 por tonelada de suco brasileiro que entra no mercado norte-americano. Não afetará, ainda, a decisão dos Estados Unidos de barrar a entrada de suco de laranja brasileiro com limite do fungicida carbendazim acima do tolerável, de 10 partes por bilhão (ppb).
O lobby da indústria de citros da Flórida, principal região produtora de laranja nos EUA, lamentou a determinação do governo. "A Florida Citrus Mutual está extremamente decepcionada com essa decisão e vamos avaliar os próximos passos, inclusive um recurso de apelação", afirmou o executivo-chefe do grupo de produtores, Michael Sparks, à Dow Jones.
Veículo: DCI