Grandes indústrias, como Red Bull, Coca-Cola, Ambev, GlobalBev e Grupo Petrópolis, disputam os primeiros lugares no mercado de energéticos, cujo consumo cresceu 25% apenas em 2011. Ano passado, foram comercializados 108 milhões de litros desse tipo de bebida, contra 87 milhões em 2010, segundo estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir).
De 2006 a 2010, o crescimento da categoria foi exponencial: de 325%, impulsionado pelo aumento do poder de compra da população brasileira e pelo fato de a bebida ter caído no gosto da nova classe média.
Com pesados investimentos em marketing, as grandes enfrentam ainda a competição dos pequenos fabricantes nacionais, que ganham espaço, à medida que embalagens de PET, mais baratas e voltadas para o consumo coletivo, substituem as tradicionais latinhas de alumínio.
Atuando no Brasil desde 1999, a líder de mercado Red Bull - que, de acordo com pesquisa do instituo Nielsen de dezembro de 2011, detinha 50% de market share - vai investir cerca de R$ 467 milhões em uma nova fábrica a ser instalada no Polo Industrial de Manaus, dos quais R$ 194 milhões em infraestrutura, segundo informação divulgada pela assessoria de imprensa da companhia. Com capacidade produtiva estimada em 64 milhões de litros no primeiro ano, chegando a 85 milhões no terceiro, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a planta será a primeira da Red Bull no mundo a ser inteiramente de propriedade da companhia.
Atualmente, toda a produção da Red Bull, que abastece 164 países, é feita em unidades terceirizadas na Europa (uma na Áustria e uma na Suíça). A planta abre caminho para um novo segmento no polo amazônico, devido à alteração, publicada em fevereiro deste ano no Diário Oficial da União, do Processo Produtivo Básico (PPB) de refrigerantes, que ampliou a lista de beneficiados para incluir refrescos, isotônicos e energéticos.
Dessa maneira, outros fabricantes desses produtos poderão ser atraídos à Zona Franca, além de seus fornecedores de embalagens e ingredientes. "A Red Bull promete ser a cabeça de um novo e forte segmento industrial", afirmou o superintendente da Zona Franca de Manaus, Thomaz Nogueira, por ocasião da publicação do novo PPB.
Em nota, a Red Bull informou ter vendido mais de 185 milhões de latinhas em 2011, com crescimento de 20% em relação ao ano anterior - o que pode indicar perda de participação de mercado, com relação à estimativa da Abir de crescimento de 25% para a categoria. O sucesso da Red Bull é resultado de uma inovadora estratégia de marketing, conforme comunicado, citando investimentos na realização de eventos esportivos e culturais, além do patrocínio de atletas. A companhia faturou 4,2 bilhões de euros (US$ 5,6 bilhões) em 2011, alta de 12,4% sobre o ano anterior.
Outra empresa que tem buscado associar sua marca à pratica esportiva é o Grupo Petrópolis, dono do energético TNT, fabricado através de terceirização. A companhia visa chegar à segunda posição do mercado, hoje ocupada pelo Burn, da Coca-Cola. Lançado em 2009, o TNT registrou crescimento de 262% em três anos, atingindo a venda de 60 milhões de latas em 2011.
"Ainda há muito espaço para o mercado de energéticos crescer, até porque o consumidores estão descobrindo novas ocasiões para tomar o produto. No começo estava muito associado à vida noturna, mas isso vem mudando", afirma Douglas Costa, head de Marketing e relações com o mercado do Grupo Petrópolis. De acordo com ele, as novidades da companhia para o segmento são o TNT Bullet, dose concentrada conhecida como shot, e o TNT Caps, em cápsulas, lançadas em 2011. Este ano, a marca se tornou a bebida oficial da Scuderia Ferrari. Segundo Costa, a fabricação no formato PET não está nos planos da companhia.
Também novata neste mercado, onde entrou apenas em 2011, com a marca Fusion, a Ambev enfrenta o desafio de atuar em uma nova categoria. "Temos uma equipe de distribuição com grande foco no mercado cervejeiro, e devido ao fato de Fusion ser um produto de uma nova categoria na companhia, temos feito um grande investimento em nossa equipe para que eles conheçam esse universo", diz o gerente de Marketing de Fusion, Cacá Salles.
Além dos investimentos em sua equipe de distribuição, a companhia tem realizado campanhas televisivas e patrocínios, com o objetivo de aumentar o conhecimento dos consumidores sobre a marca, mas não revela o valor dos aportes.
Dona das marcas Flying Horse, Extra Power, On Line e Monster Energy, também fabricados via terceirização, a GlobalBev aposta na segmentação para atuar no mercado, com marcas mais voltadas para a vida noturna, para o consumo diurno e formatos variados, como latas de diferentes tamanhos e garrafas de PET.
"O PET representa hoje 20% das vendas totais de energético da GlobalBev", relata a diretora de Marketing da companhia, Luciana Bruzzi. Segundo ela, o produto ainda é vendido apenas em Minas Gerais e na Região Centro-oeste, mas o objetivo é expandir o formato para todo o País.
A companhia calcula ter participação de 10% no mercado, tendo registrado crescimento de 15% na categoria em 2011. Para este ano, a projeção de avanço é de 20%, com previsão de novidades e lançamentos, que Luciana diz não poder adiantar, por ainda estarem em estudo.
Um dos fabricantes nacionais a comprar briga com as grandes, o Grupo Ionic, das marcas Plus Energy, Ionic Azul, Ionic e Army Power, registrou crescimento de 50% em 2011, tendo fabricado 17 milhões de litros da bebida - para 2012, a expectativa é chegar a 24 milhões de litros produzidos. "O aumento se deve, principalmente, ao aumento no consumo dos produtos nas embalagens de PET de 1 e 2 litros", diz o presidente da companhia, David Sampaio. A empresa também fabrica energéticos para marcas próprias do varejo, que já representam 3% da produção, tendo como cliente a rede Dia %, do grupo Carrefour.
Projeto prevê venda apenas em farmácias
Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados (PL 419/2011), do deputado Aureo (PRTB-RJ), determina que os energéticos só poderão ser vendidos em farmácias e drogarias. Pelo texto, os comerciantes devem expor o produto em balcão, estante ou gôndola exclusiva e afixar advertências ao consumo em local de fácil visibilidade.
Aureo destaca que, em doses elevadas e contínuas, a substância "pode levar à intoxicação aguda e à dependência". Apresentada em março de 2011, a proposta aguarda análise pelas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
No Senado, as notícias são melhores para o setor: a Casa aprovou, no dia 25, projeto de lei (PL 7/2012) que altera o valor pago pelos fabricantes para a manutenção do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) de R$ 0,03 para R$ 0,01, por produto envasado.
A medida também modifica a sistemática de cobrança das contribuições PIS e Cofins das embalagens para bebidas frias: o tributo passará a ser calculado com o percentual de 1,65% para o Programa de Integração Social e 7,60% para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. O projeto aguarda sanção da presidente Dilma Roussef.
Veículo: DCI