Ações da Ambev resistem bem à pressão do aumento do IPI

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Medida começa em 1/10, mas a empresa quer adiamento em troca de seus altos investimentos



 As ações da Ambev sofreram dois sustos no primeiro semestre e, apesar de ter reagido bem, podem amargar uma nova queda pontual em outubro. O motivo é a decisão do governo de aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bebidas frias — tais como água, cerveja, refrigerante e isotônico.

A medida, que faz parte do Plano Brasil Melhor, foi anunciada em 3 de abril e a ideia é compensar a perda de arrecadação de R$ 3,1 bilhões com a redução de impostos sobre outros 11 setores. Nos quatro pregões seguintes ao anúncio, os papéis preferenciais da Ambev acumularam desvalorização de 3,3%,mas rapidamente esboçaram uma retomada.

O segundo recuo veio com a confirmação pela publicação, em 31 de maio, do decreto no Diário Oficial da União. As ações PN da fabricante caíram 6,65% em quatro pregões seguidos. A medida só entra emvigor em 1º de outubro.

Negociação

 “O aumento da tributação sobre o segmento de bebidas terá impacto sobre o volume de vendas da companhia; contudo, a medida já está no preço dos papéis e, portanto, mantemos uma visão positiva para a empresa, que se mantém bem posicionada nos segmentos premium e de produtos mais acessíveis. Nos baseamos na expectativa de bom crescimento do mercado em que atua”, diz Ricardo Correa, analista-chefe da Ativa Corretora, em relatório. Maurício Pedrosa, sócio da Queluz, concorda que, em um primeiro momento, vai haver uma queda no volume de vendas.

No entanto, acredita que a Ambev vai rapidamente responder com contenção de custos. “Além disso, a empresa deve fazerum forte trabalho de recuperação de imagem”, aponta. Isso se amedida entrar em vigor. O especialista acredita que a Ambev deve tentar negociar o adiamento da incidência do IPI dado o volume de investimento previsto para este ano. Em março, a companhia anunciou que pretendia investir R$ 2,5 bilhões, tendo como estratégia principal aumentar seu volume de vendas nas regiões Norte e Nordeste.

Investimentos

Nesse sentido, a companhia inaugurou a duplicação da cervejaria Equatorial e um novo Centro de Distribuição Direta (CDD), em 16 de julho. Foraminvestidos R$ 144 milhões no projeto que deve ampliar a produção da companhia na região em 100%, chegando a 3,7 milhões de hectolitros de bebida por ano. Já o novo CDD deve armazenar e distribuir 1,6 milhões de hectolitros de bebida por ano.

A Ambev registrou lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no segundo trimestre, um avanço de 5,4% em relação ao mesmo período do ano passado. No Brasil, o volume de vendas cresceu 3,9%, apesar da comercialização de cervejas terem ficado ligeiramente abaixo da média do setor. A participação da Ambev no mercado de cervejas recuou para 68,8%, frente a 70% no mesmo período do ano passado.

O volume de refrigerantes, por sua vez, avançou 6,9%. A receita líquida da Ambev cresceu 17,4% no trimestre, para R$ 6,8 bilhões, e o faturamento por hectolitro vendido avançou 13,7%, somando R$ 182,6. “Os números da companhia vieram em linha com o esperado pelo mercado. É um negócio muito bom, resiliente. Costumo dizer que o prazer de tomar uma cerveja é imune aos problemas da Grécia”, brinca Pedrosa, da Queluz.


Veículo: Brasil Econômico


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