Espumante é a arma das vinícolas na guerra contra os importados

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Enquanto os vinhos finos brasileiros sofrem com a forte disputa com rótulos internacionais, empresas como Salton e Garibaldi investem na produção da bebida, que tem baixa concorrência e alto potencial de crescimento



Vinho nervoso. É assim que os especialistas se referem aos espumantes, produtos com alta acidez, que concentram bolhas de ar e que proporcionam refrescância. O termo parece fazer sentido num momento agitado do mercado brasileiro de espumantes, de forte potencial de crescimento e com as grandes vinícolas da Serra Gaúcha, como Salton, Miolo, Perini, Aurora e Garibaldi, concentrando seus esforços no segmento.

Na Salton, os espumantes e frisantes já representam 38% do faturamento, que no ano passado foi de R$ 255 milhões e deve chegar a R$ 290 milhões em 2012. A empresa tem 8% do mercado brasileiro de vinhos e 33% de espumantes — percentual que deve atingir 40% até o fim do ano e deverá continuar em rota de crescimento. “Queremos faturar R$ 500 milhões até 2015. Boa parte desse crescimento será baseada nos espumantes”, diz Daniel Salton, presidente do grupo.

Nos últimos dois anos, a companhia investiu R$ 25 milhões em novas áreas para expandir a produção. Outros R$ 45 milhões serão investidos em uma nova vinícola em Santana do Livramento (RS). A meta é aumentar a produção em 450 mil caixas de espumantes por mês, com seis garrafas cada.

A Garibaldi também está apostando nesse mercado. Em quatro anos a cooperativa investiu R$ 13 milhões para ampliar sua capacidade de produção e de estocagem de vinho, espumante e suco de uva, outro mercado em expansão. Em 2011 a empresa produziu um milhão de garrafas de espumantes, volume que deve crescer 10% neste ano. Até 2014 outros R$ 4 milhões serão investidos na produção. “Vamos nos tornar mais competitivos e ampliar nossa participação no mercado, que é de 15%”, diz Oscar Ló, presidente da Garibaldi.

Segundo o executivo, esse é um mercado com baixa concorrência e grande potencial. “Apenas 14 milhões de litros de espumantes são consumidos no Brasil por ano, temos muito que crescer.” A crescente entrada de vinhos importados no mercado brasileiro, porém, está comprometendo o desempenho da bebida nacional. Só nos cinco primeiros meses deste ano, foram produzidos 6,46 milhões de litros de vinhos finos nacionais.

No mesmo período, foram importados outros 26,91 milhões de litros do produto, vindos principalmente da Europa. “Quando se fala em vinho, 72% dos produtos vendidos no Brasil são importados. Já no caso do espumante, 70% da bebida comercializada é nacional. Por isso esse mercado tem tanto potencial” , explica Marcio Bonilha, gerente nacional de vendas da Perini, que registrou crescimento de 19% nas vendas de espumantes em 2011, ante 17% do vinho fino.

Na Aurora, que no ano passado vendeu 2,8 milhões de garrafas de espumantes, as vendas cresceram 20% enquanto os vinhos finos registraram alta de 13%. Para este ano a expectativa é crescer 15% e 10%, respectivamente. A empresa investiu R$ 5,5 milhões em equipamentos. Outros R$ 2 milhões serão investidos nos próximos anos.

De olho nesse mercado, a cooperativa lançou em 2011 os espumantes Saint Germain Brut e Demi Sec, com foco na classe média. Agora, a empresa se prepara para outro lançamento, o espumante Aurora Brut Rosé. Segundo Diego Bertolini, gerente de marketing do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o mercado de espumantes cresce de 10% a 15% ao ano. “O desafio está em estimular o aumento do consumo, que no Brasil está na faixa de dois litros per capita por ano, enquanto em outros países, esse volume ultrapassa 40 litros”. Para ele, essa é uma categoria que tem bom custo-beneficio no mercado. Ele cita como exemplo o espumante moscatel da Garibaldi, que ganhou medalha de ouro em um evento internacional e custa cerca de R$ 15 no varejo.

 

 




Veículo: Brasil Econômico



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