A família fundadora da Pernod Ricard vai retomar o comando da fabricante francesa de destilados em 2015, quando seu CEO atual, Pierre Pringuet, se aposentar.
O grupo, sediado em Paris, anunciou ontem que nomeou Alexandre Ricard, de 40 anos, diretor operacional (COO na sigla em inglês) e presidente-executivo adjunto. Ele substituirá Pringuet, o único não membro da família a exercer o cargo de CEO, em janeiro de 2015, quando ele alcançar 65 anos, idade de aposentadoria obrigatória na empresa.
Alexandre, sobrinho de Patrick Ricard - presidente do conselho de administração que morreu subitamente há duas semanas, após comandar a empresa por três décadas -, representará a terceira geração à frente da empresa, fundada em Marselha por seu avô Paul, que inventou o licor de anis homônimo na década de 30.
A irmã de Patrick, Daniele Ricard, foi nomeada presidente do conselho de administração, mas deixará o cargo em favor de Alexandre em 2015, quando ele acumulará o posto com o de CEO. Os Ricard têm 14% do capital.
A família "garantiu a independência do grupo" e se manteve muito unida depois da morte de Patrick Ricard, disse Alexandre Ricard, ao comunicar a taxa mais acelerada de crescimento das vendas e lucros anuais desde a recessão, em 2007 e 2008. O lucro líquido aumentou 9%, para € 1,2 bilhão, no ano fiscal encerrado em junho, enquanto as vendas tiveram expansão de 8%, totalizando € 8,2 bilhões. Os lucros das divisões operacionais há pelo menos um ano somaram € 2,1 bilhões, cifra 9% superior à de igual período anterior e à meta de "perto de" 8%.
A expansão foi impulsionada pelas 14 principais marcas do grupo, entre as quais a vodca Absolut, o uísque Chivas Regal e o conhaque Martell, que tiveram bom desempenho nos mercados asiáticos. O lucro das divisões do grupo em atividade há pelo menos um ano aumentou 21% na região, ante a expansão de 4% nas Américas e na Europa e a queda de 3% na França.
O endividamento líquido, como proporção do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu para 3,8 vezes. O múltiplo é próximo ao nível de 3,6 vezes antes da compra, em 2008, da Vin & Sprit, fabricante da vodca Absolut, que elevou o coeficiente para 6,2 vezes. "A dívida não é mais um problema", disse Pringuet, acrescentando que a empresa está em condições de realizar aquisições nos EUA e nos países emergentes.
Filial brasileira em destaque
O Brasil foi citado com destaque pela Pernod Ricard no relatório de desempenho divulgado ontem. As vendas líquidas da empresa no país cresceram de 13% no ano fiscal encerrado em junho. A taxa se refere ao crescimento orgânico da companhia, sem incluir eventuais aquisições. A fabricante não informa o valor da receita no mercado brasileiro.
O desempenho no país foi liderado pelo grupo de bebidas que faz parte do chamado "Top 14" - responsável por 60% da receita da empresa -, que registrou alta de 26%. Nesse grupo, estão as marcas de uísques, com destaque para Chivas Regal, e a vodca Absolut, que puxaram as vendas no país.
Os países emergentes em geral responderam pelo bom resultado no balanço. Mas a Pernod teve expansão mesmo em mercados maduros. Nas Américas, a alta nas vendas foi de 6% - considerando apenas os Estados Unidos, o aumento foi de 5%.
Veículo: Valor Econômico