Consumo de vinho pode crescer de 2 para 8 garrafas per capita

Leia em 2min 10s

Mesmo após o fim da salvaguarda aos importados, país tem condições de ampliar mercado da bebida


O consumo de vinho dos brasileiros poderá aumentar de duas para oito garrafas per capita por ano, tornando o País um dos maiores mercados da bebida no mundo, segundo o coordenador do Comitê do Vinho da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Didú Russo. A meta foi calculada com base no potencial de mercado, que é de 30 milhões de pessoas com condições de comprar uma garrafa por semana, e no preço médio gasto pelo brasileiro com vinho, que é R$ 25.

Esse aumento de consumo será possível com a desistência do governo em impor salvaguardas ao vinho importado. Quem pediu o cancelamento da medida foi o próprio Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), órgão que antes defendia restrições aos produtos estrangeiros.

O fim das exigências ocorreu após um acordo entre os principais grupos de importadores e fabricantes brasileiros. Como contrapartida, os importadores concordaram em aumentar para 25% a presença de vinhos finos nacionais nos supermercados e para 15% nos comércios varejistas em 15%.

Para o diretor presidente da Vinícola Casa Valduga, João Valduga, o que se estabeleceu foi um "acordo de cavalheiros", que evitará o desperdício de 28 toneladas de uvas viníferas (usadas na fabricação de vinhos finos). "Se os importadores nos ajudarem um pouco (os fabricantes), como eles prometeram, nós conseguiremos salvar o setor vinícola brasileiro", afirma.

Os importadores, entretanto, destacam que o comércio de vinhos não deve continuar com a rota média de crescimento de 15% ao ano. O dono da importadora Decanter, Adolar Léo Hermann, explica que fatores como a queda na safra 2012/2013 influenciarão o setor, mas que a importação não será prejudicada pelo acordo. "Todo importador vai se dedicar de alguma forma ao vinho nacional, deixando um espaço que é justo", diz.

Fabricantes e importadores afirmam que a carga tributária sobre o vinho ainda é o maior empecilho para o desenvolvimento do mercado no Brasil. "É necessário reduzir o ICMS de 25% para no máximo 18%. A salvaguarda seria um retrocesso de 10 anos", afirma o presidente da importadora Mistral, Ciro Lilla.

O presidente da Vinícola Miolo, Darcy Miolo, diz que o desinteresse do brasileiro em consumir vinho se deve às altas taxas, que encarecem o produto. final "Com uma redução de impostos, a quantia que conseguiríamos baixar seria repassada diretamente ao consumidor", diz

As associações contam ainda com a criação de um Fundo de Investimento para o setor, de acordo com Didú Russo. A ideia, que tem como objetivo estimular o consumo nacional, será discutida na próxima reunião do comitê da Fecomércio, na segunda-feira.



Veículo: O Estado de S.Paulo


Veja também

Acordo que prevê destaque para vinho nacional cria polêmica

Varejo terá que destinar 25% das prateleiras. Bom rótulo costuma ser mais caro que similar importadoO acor...

Veja mais
A Lei do Vinho Livre

O pedido de salvaguarda aos vinhos nacionais foi retirado e com ele a ameaça de deixar o consumidor brasileiro de...

Veja mais
Governo não vai barrar vinho estrangeiro

Setor queria medidas para dificultar importação da bebida; varejo promete maior exposição pa...

Veja mais
Acordo tenta dobrar consumo de vinho nacional

Acerto encerra polêmica sobre pedido de proteção contra a enxurrada de importadosUm acordo fechado s...

Veja mais
Produtores de vinho desistem de tentar barrar importados

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou nesta segunda-feira ...

Veja mais
Cachaça vai à balada com sabores e menos álcool

O público jovem está no alvo dos produtores de cachaça, que querem disputar o espaço da vodc...

Veja mais
Governo desiste de barreira a vinho

O brasileiro continuará podendo escolher vinhos importados no restaurante e no supermercado. O governo desistiu d...

Veja mais
Governo espera acordo sobre vinho importado

O processo em que os produtores nacionais de vinho pedem salvaguardas (barreiras) contra a importação da b...

Veja mais
Águas levam Danone e Edson Queiroz ao Conar

Duas indústrias de águas minerais, a Danone, dona da Bonafont, e o Grupo Edson Queiroz, dono da Minalba e ...

Veja mais