Mesmo após o fim da salvaguarda aos importados, país tem condições de ampliar mercado da bebida
O consumo de vinho dos brasileiros poderá aumentar de duas para oito garrafas per capita por ano, tornando o País um dos maiores mercados da bebida no mundo, segundo o coordenador do Comitê do Vinho da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), Didú Russo. A meta foi calculada com base no potencial de mercado, que é de 30 milhões de pessoas com condições de comprar uma garrafa por semana, e no preço médio gasto pelo brasileiro com vinho, que é R$ 25.
Esse aumento de consumo será possível com a desistência do governo em impor salvaguardas ao vinho importado. Quem pediu o cancelamento da medida foi o próprio Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), órgão que antes defendia restrições aos produtos estrangeiros.
O fim das exigências ocorreu após um acordo entre os principais grupos de importadores e fabricantes brasileiros. Como contrapartida, os importadores concordaram em aumentar para 25% a presença de vinhos finos nacionais nos supermercados e para 15% nos comércios varejistas em 15%.
Para o diretor presidente da Vinícola Casa Valduga, João Valduga, o que se estabeleceu foi um "acordo de cavalheiros", que evitará o desperdício de 28 toneladas de uvas viníferas (usadas na fabricação de vinhos finos). "Se os importadores nos ajudarem um pouco (os fabricantes), como eles prometeram, nós conseguiremos salvar o setor vinícola brasileiro", afirma.
Os importadores, entretanto, destacam que o comércio de vinhos não deve continuar com a rota média de crescimento de 15% ao ano. O dono da importadora Decanter, Adolar Léo Hermann, explica que fatores como a queda na safra 2012/2013 influenciarão o setor, mas que a importação não será prejudicada pelo acordo. "Todo importador vai se dedicar de alguma forma ao vinho nacional, deixando um espaço que é justo", diz.
Fabricantes e importadores afirmam que a carga tributária sobre o vinho ainda é o maior empecilho para o desenvolvimento do mercado no Brasil. "É necessário reduzir o ICMS de 25% para no máximo 18%. A salvaguarda seria um retrocesso de 10 anos", afirma o presidente da importadora Mistral, Ciro Lilla.
O presidente da Vinícola Miolo, Darcy Miolo, diz que o desinteresse do brasileiro em consumir vinho se deve às altas taxas, que encarecem o produto. final "Com uma redução de impostos, a quantia que conseguiríamos baixar seria repassada diretamente ao consumidor", diz
As associações contam ainda com a criação de um Fundo de Investimento para o setor, de acordo com Didú Russo. A ideia, que tem como objetivo estimular o consumo nacional, será discutida na próxima reunião do comitê da Fecomércio, na segunda-feira.
Veículo: O Estado de S.Paulo