No mesmo ano em que a Cocamar, cooperativa de Maringá, vendeu sua indústria de suco de laranja para a Louis Dreyfus, a Integrada, de Londrina, norte do Paraná, está estreando no segmento. Os primeiros testes de esmagamento começaram na sexta-feira e, após ajustes finais, 250 mil caixas de 40,8 quilos cada da fruta devem ser processadas em 2012. O número poderá subir para 800 mil caixas em 2013 e para 2 milhões em 2015.
Os investimentos na fábrica, que foi erguida em Uraí, distante 50 quilômetros da sede, somaram R$ 15 milhões. Katsumi Sergio Otaguiri, diretor da área industrial, lembra que o projeto foi iniciado em 2007, quando produtores de grãos enfrentavam problemas de preço e quebras por problemas climáticos.
"Fizemos estudos e a citricultura apareceu como uma boa opção de diversificação", conta. O plantio começou em 2008 e hoje há 2 mil hectares com laranja na área da cooperativa. A intenção era ter 5 mil hectares, o que não aconteceu ainda devido à forte alta das cotações dos grãos.
Otaguiri diz que a construção da indústria de sucos estava prevista para 2013 e os esmagamentos deveriam começar em 2014, mas no ano passado a Integrada teve dificuldade para processar laranjas produzidas por associados. Das 120 mil caixas colhidas, 20 mil foram vendidas no varejo e 100 mil foram esmagadas na indústria que era da Cocamar. Como havia a previsão de chegar a 350 mil caixas em 2012, a fábrica foi antecipada e as obras duraram 135 dias. Mesmo assim, 100 mil caixas da fruta tiveram de ser vendidas. E o mercado não está bom para o produtor.
Se, no ano passado, o preço da caixa ficou perto de R$ 15, caiu pela metade em 2012. A Integrada vai adiantar R$ 5 ao produtor e, no encerramento do ano, pagará a diferença. No começo, a fábrica vai gerar 25 empregos e funcionará em um turno. A produção será exportada e os contratos estão em negociação. O faturamento previsto no segmento é de R$ 13 milhões em 2013. A Integrada tem 6,7 mil associados e faturou R$ 1,3 bilhão em 2011. Ela já tem fábrica de fiação de algodão e de ração e está investindo também em uma nova indústria de derivados de milho, orçada em R$ 50 milhões, no município de Andirá, que deve entrar em operação em agosto de 2013.
A Integrada possui duas unidades arrendadas para processamento de milho para a indústria de alimentos (como cereais matinais) e bebidas (cervejas). Hoje, envia para essas indústrias 12 mil toneladas do grão por mês, volume que vai saltar para 25 mil toneladas. Otaguiri explica que atualmente a indústria responde por 15% a 18% do faturamento da cooperativa e, com os investimentos em andamento, a intenção é chegar 25%. Sobre a laranja, ele avisa que se trata de um projeto de longo prazo. "Deve haver mais adesão de produtores", diz. Atualmente, 112 associados da cooperativa cultivam a fruta. Feita em módulos, a fábrica poderá ser ampliada.
Veículo: Valor Econômico